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    Lava Jato

    Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, é absolvida na Lava Jato

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    25/05/2017 18h38

    Theo Marques - 16.nov.2016/Folhapress
    Claudia Cruz deixa a sede da PF em Curitiba, após visita ao marido, em novembro
    Claudia Cruz deixa a sede da PF em Curitiba, após visita ao marido, em novembro

    A jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi absolvida pelo juiz Sergio Moro, na ação em que era acusada de ter se beneficiado de propina desviada da Petrobras em favor de seu marido.

    A informação foi antecipada pela colunista Mônica Bergamo.

    Para o juiz, faltou materialidade à acusação, que não conseguiu demonstrar o rastro do dinheiro até a conta da jornalista.

    Cruz foi denunciada sob acusação dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas —os valores ilegais, segundo a Procuradoria, foram gastos a partir de uma conta na Suíça, em nome da jornalista. O dinheiro pagou por bolsas de luxo, roupas de grife e aulas de tênis no exterior.

    O dinheiro seria parte da propina de US$ 1,5 milhão paga a Cunha, para viabilizar a compra, pela Petrobras, de um bloco para exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

    Documentos demonstram, porém, que o saldo da conta de Cunha, de onde teria saído o repasse para a mulher, era dividido por moedas -e que os valores oriundos do acerto em Benin estavam em francos suíços e euros. A transferência para a jornalista, porém, foi feita em dólares.

    "[O produto do crime] não foi destinado, sequer em parte, à conta em nome da Kopek [de Cláudia Cruz]", escreveu Moro, para quem é necessário "aprofundar o rastreamento" das contas.

    Para o magistrado, também faltou demonstrar o dolo da jornalista, já que ela afirmou que era Cunha quem fazia a gestão financeira da família e que não suspeitava que o dinheiro pudesse vir de corrupção.

    O juiz disse que os documentos de abertura da conta demonstram que, de fato, ela foi aberta para alimentar cartões de crédito -como argumentou Cruz.

    Para Moro, não há provas de que Cruz teve participação no crime de corrupção, e nem de que "tenha participado conscientemente nas condutas de ocultação e dissimulação".

    Além de Cruz, também foi absolvido o empresário Idalécio Oliveira, que vendeu a concessão à Petrobras e pagou pela propina. Para Moro, há "dúvida razoável" se ele sabia que o dinheiro, pago a título de consultoria ao operador João Augusto Henriques, seria destinado a agentes políticos.

    O juiz, porém, condenou pelo crime de corrupção o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, cuja diretoria era responsável pelo contrato; e o operador João Augusto Henriques, apontado como responsável pela operação de lavagem de dinheiro.

    OUTRO LADO

    O Ministério Público Federal afirmou que irá recorrer da sentença.

    O advogado Pierpaolo Bottini, que defende a jornalista, festejou a decisão. "Entendemos que foi feita a justiça", disse. "A sentença judicial reconheceu que não houve qualquer ilegalidade nas condutas de Claudia Cruz."

    Em depoimento a Moro, Cruz afirmou que "não fazia ideia" de onde vinha o dinheiro que abastecia sua conta, e que não falava sobre o assunto com Cunha.

    "Em casa, eu não era jornalista. Eu era a Cláudia, e ele, meu marido", disse. "Ali não tinha ninguém fazendo entrevista ou perguntando nada. Eu era apenas esposa e mãe."

    A Folha ainda não conseguiu contato com a defesa dos demais acusados.

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