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    Agência Lupa: Afastado e com a irmã presa, Aécio apresenta sua defesa

    DA AGÊNCIA LUPA

    26/05/2017 02h00

    Flagrado em gravações da JBS, o Aécio Neves (PSDB-MG) está distanciado do Senado por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) e com pedido de prisão pendente. Sua irmã, Andrea Neves, foi presa na semana passada.

    Em sua última coluna na Folha e em vídeo publicado no Facebook, o tucano fala das recentes acusações e chega a dizer que foi vítima de "armação". Veja a defesa do senador:

    Andressa Anholete - 30.ago.2016/AFP
    O senador Aécio Neves, afastado do cargo pelo STF
    O senador Aécio Neves, afastado do cargo pelo STF

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    "Vi minha irmã ser detida sem absolutamente nada que justificasse tamanha arbitrariedade"

    FALSO Andrea Neves, irmã de Aécio, foi alvo da operação Patmos no último dia 18, depois de citada na conversa em que o senador tucano pede R$ 2 milhões a Joesley Batista. Na gravação, Joesley conta que havia se encontrado com Andrea e ouvido dela que Aécio precisava de "dois milhões para pagar advogados". Para o procurador-geral, Rodrigo Janot, a detenção dela era necessária porque havia "risco concreto" de "destruição de eventuais provas". Procurado, Aécio não comentou.

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    "Não sabia que na minha frente estava um criminoso"

    CONTRADITÓRIO Na gravação de Joesley com Aécio, há um trecho em que o empresário fala sobre as investigações da Operação Greenfield da Polícia Federal. Joesley também conta ao senador que tem um informante no Ministério Público: "eu consegui informação lá de dentro. Consegui botar um cara lá também". E Aécio questiona: "Onde?". Joesley revela que é na Procuradoria. Na última quinta-feira, o procurador Ângelo Goulart Villela foi preso por suspeita de vender informações. Procurado pela reportagem, Aécio não comentou.

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    "Setores da imprensa vêm destacando uma acusação do delator de que, em 2014, eu teria recebido R$ 60 milhões em 'propina'. Mas (...) isso se refere exatamente aos R$ 60 milhões que a JBS doou legalmente às campanhas do PSDB naquele ano"

    EXAGERADO Consulta feita no site do TSE com CNPJs da JBS revela que, em 2014, a empresa doou R$ 56,5 milhões ao PSDB. Nesse total, que fica abaixo do citado por Aécio, estão os repasses feitos diretamente ao comitê do então candidato à Presidência da República, ao Diretório Nacional do PSDB e a outras campanhas tucanas. Só o comitê de Aécio Neves recebeu R$ 40,3 milhões. Vale destacar ainda que, na acusação de Joesley, a menção é feita a R$ 60 milhões pagos como propina, por meio de notas frias de empresas indicadas pelo senador. Procurado, o PSDB disse que "as informações citadas pelo senador Aécio Neves têm como fonte as prestações de contas que constam no TSE".

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    "Não fiz dinheiro na vida pública"

    CONTRADITÓRIO As declarações de bens que Aécio Neves fez à Justiça Eleitoral mostram que seu patrimônio cresce desde 2010. Naquele ano, quando concorria ao Senado, o tucano declarou bens que somavam R$ 617,9 mil. Entre eles estavam três terrenos em Minas Gerais, 50% de um imóvel no município de Cláudio (MG), um apartamento na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, e um apartamento em Belo Horizonte. Quatro anos depois, quando concorreu à Presidência da República, o tucano apresentou um patrimônio de R$ 2,5 milhões, 305% acima do valor anterior. Em 2014, Aécio tinha todos os bens declarados em 2010 e ainda cotas de uma rádio, no valor de R$ 700 mil, e ações herdadas do pai, no valor de R$ 666.660, além de um veículo Land Rover, avaliado em R$ 166,5 mil. Na época, o senador mantinha duas aplicações de renda fixa, um rendimento de Previdência privada, e saldos em duas contas correntes -valores que somam R$ 364,4 mil. Em nota, Aécio informou que o aumento de seu patrimônio não tem relação com o exercício de seus mandatos, e é resultado da transferência de ações de uma rádio, feita por sua mãe, e de parte da herança de seu pai.

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    Nenhum de meus atos legislativos e políticos demonstram qualquer intenção de obstruir a Lava Jato ou qualquer outra investigação, tampouco interferir em instituições encarregadas de apurar os fatos"

    FALSO Na gravação que foi entregue à PGR, Aécio propõe que Joesley o ajude a pressionar o presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia, para que ele vote matérias que incluem a anistia ao caixa dois. Diz que trabalha "nisso igual um louco" e sugere que "alguém" de Joesley mande "um recado pro Rodrigo" para "assustar um pouco". Nas palavras de Aécio: "Tem que votar essa merda de qualquer maneira (...) Eu tô assustando ele (Rodrigo Maia). Se a gente conseguir isso (anistia do caixa dois), já dá 80% do problema". Em outro momento, Aécio critica o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e menciona que é preciso escolher os delegados da PF antes de distribuir os inquéritos abertos contra políticos. Procurado, o senador não retornou.

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