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    Lava Jato

    PF apreende anotação escrita 'Cx 2' no apartamento de Aécio Neves

    DE BRASÍLIA

    26/05/2017 18h48 - Atualizado às 19h33

    Pedro Ladeira - 4.abr.2017/Folhapress
    Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB, fala na tribuna do Senado
    O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG)

    A Polícia Federal apreendeu no apartamento do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), no Rio de Janeiro, uma anotação em papel em que estava escrito "Cx 2".

    O tucano foi alvo de operação no dia 18 de maio. Ele é investigado pela Procuradoria-Geral da República por suposto recebimento de propina do grupo JBS, que fechou um acordo de delação com as autoridades ligadas à Lava Jato.

    A relação do material apreendido foi tornada pública pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (26).

    "Diversos documentos acondicionados em saco plástico transparente, dentre eles 01 papel azul com senhas, diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição 'Cx 2'", informa relatório da PF, sem esclarecer ainda se a mensagem trata de "caixa dois" eleitoral.

    O documento consta do inquérito que apura se Aécio Neves, o presidente Michel Temer e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e outras pessoas cometeram crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.

    Na residência, os policiais apreenderam também um aparelho bloqueador de sinal telefônico, 15 quadros, uma escultura, documentos, um celular Nokia, além de pen drive e outros itens.

    No gabinete de Aécio, a PF apreendeu "folhas impressas contendo planilhas com 'indicações para cargos federais' com remuneração e direcionamento em qual partido político pertence ou foi indicado", além de uma "pasta transparente contendo cópias da agenda de 2016 onde verifica-se agendamento com 'Joesley Batista', 'Andrea Neves', dentre outros".

    Nas anotações encontradas no gabinete também havia papel manuscrito "citando ministro Marcelo Dantas".

    O documento não informa se a anotação diz respeito ao ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. Outro delator da JBS, o ex-diretor de Relações Institucionais Ricardo Saud, disse que pagou mais de R$ 50 milhões a partidos que integraram a base aliada da campanha do tucano.

    ZEZÉ PERRELA

    A PF também cumpriu busca e apreensão em imóveis de pessoas relacionadas à investigação, incluindo Mendherson Souza Lima, assessor do também senador mineiro Zezé Perrela (PMDB).

    Apontado como um dos responsáveis por transportar dinheiro pago pela JBS a Aécio, Mendherson levou R$ 480 mil em espécie para casa de sua sogra, Azelina Rosa Ribeiro.

    Ela assinou documento em que reconhece que autorizou a entrada de policiais federais em sua casa, em Nova Lima (MG), "com o fim de recolherem o conteúdo de duas sacolas deixadas pelo genro Mendherson Souza Lima na noite de 17 de maio".

    Foi nesta data que a a delação da JBS foi divulgada e o suposto esquema envolvendo o tucano. No dia seguinte, Aécio e Mendherson foram alvos da Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato que teve como base a delação da JBS.

    Os pacotes com cédulas de R$ 100 estavam escondidos em um dos quartos da casa de Azelina.

    Segundo a investigação policial, no dia da operação, Mendherson confessou ter levado os R$ 480 mil em duas sacolas para a sogra sem que ela tivesse conhecimento. O assessor falou que se assustou ao saber da delação feita da JBS pelo noticiário.

    Posteriormente, a PF foi a Nova Lima, onde encontrou o dinheiro.

    Mendherson relatou que o montante tinha sido buscado em São Paulo no dia 3 de maio. A Polícia e o Ministério Público acreditam que o dinheiro faz parte dos R$ 2 milhões que Aécio pediu a Joesley Batista, dono da JBS.

    OUTRO LADO

    A defesa de Aécio Neves disse lamentar que as citações sejam divulgadas por agentes público envolvidos na investigação sem contextualização e "sem qualquer informação real a que se referem".

    "Ainda assim, asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade. O senador Aécio reitera que em toda sua vida pública, nas campanhas de que participou, agiu de acordo com o que determina a lei", diz a nota do advogado Alberto Zacharias Toron.

    (LETÍCIA CASADO, RUBENS VALENTE, BELA NAGLE, CAMILA MATTOSO, REYNALDO TUROLLO JR)

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