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    Lava Jato

    Novo advogado de Rocha Loures é crítico da delação premiada

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA
    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    29/05/2017 18h43 - Atualizado às 19h02

    Bruno Santos/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 19-05-2017: O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) chega de Nova York no Aeroporto de Guarulhos, após ter seu citado na delação de executivos da JBS. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-PODER *** EXCLUSIVO FOLHA***
    O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), citado na delação de executivos da JBS

    O deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil de executivos da JBS, contratou nesta segunda (29) o advogado Cezar Roberto Bitencourt para sua defesa -um crítico da delação premiada e de outros procedimentos da Operação Lava Jato.

    Bitencourt, autor do "Tratado de Direito Penal" e doutor na área, já afirmou em artigos que a delação premiada está "eivada de inconstitucionalidades", e questionou os fundamentos do Estado ao conceder benefícios a um criminoso que delata crimes que ele não conseguiu combater.

    "É no mínimo arriscado apostar em que tais informações, que são oriundas de uma traição, não possam ser elas mesmas traiçoeiras em seu conteúdo", afirmou, em artigo publicado no site "Consultor Jurídico", em dezembro de 2014. "Certamente aquele que é capaz de trair, delatar ou dedurar um companheiro movido exclusivamente pela ânsia de obter alguma vantagem pessoal, não terá escrúpulos em igualmente mentir, inventar, tergiversar e manipular as informações que oferece para merecer o que deseja."

    Pessoas próximas a Rocha Loures, que era assessor de Temer, tentam convencê-lo a fazer uma delação premiada. A contratação de Bitencourt, porém, sinaliza na direção contrária.

    Em entrevista recente à Folha, o novo advogado do deputado ainda afirmou que o presidente Michel Temer (PMDB) foi alvo de uma "pegadinha", de uma "emboscada", ao comentar o encontro gravado pelo sócio da JBS.

    Para ele, a gravação foi um flagrante provocado -embora tenha opinado, na época, que cabia ao presidente informar o ministro da Justiça sobre os crimes relatados por Joesley Batista.

    Bitencourt ainda criticou publicamente a "espetacularização" da Lava Jato e disse que seus métodos "agridem os direitos fundamentais do cidadão e também o Código de Processo Penal".

    Na década de 1990, ele também defendeu empresários acusados no caso Sundown, um dos primeiros grandes processos do juiz Sergio Moro, que envolvia fraudes tributárias e importação fraudulenta.

    Bitencourt foi um dos advogados que levou as escutas telefônicas ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que decidiu pela nulidade da prova. O entendimento foi que a prorrogação ilimitada de grampos telefônicos, como ocorreu no processo, é ilegal. Foi um marco da jurisprudência e da investigação criminal brasileira.

    A Folha não conseguiu falar com o defensor na noite desta segunda (29).

    O advogado substitui José Luiz de Oliveira Lima, conhecido como Juca, que o defendia desde a revelação da delação da JBS.

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