• Poder

    Monday, 06-May-2024 10:58:56 -03

    Lava Jato

    Janot atende Odebrecht e pede que sigilo de fatos no exterior seja mantido

    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    29/05/2017 19h13

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Janot enviou ofício a chefes dos Ministérios Públicos de nove países da América Latina
    Janot enviou ofício a chefes dos Ministérios Públicos de nove países da América Latina

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acatou o pedido da Odebrecht para manter o sigilo das informações sobre corrupção em países estrangeiros reveladas pela empreiteira em acordos de delação premiada e leniência.

    Janot enviou um ofício a chefes dos Ministérios Públicos de nove países da América Latina que têm em curso investigações relacionadas à Odebrecht informando que pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) manutenção do sigilo de provas e depoimentos que constam nos acordos firmados pelo grupo.

    No entanto, comprometeu-se a compartilhar, a partir de 1º de junho, data em que o sigilo terminaria, informações a países que enviaram ao Brasil pedidos de cooperação internacional.

    O material, porém, só poderá ser encaminhado às nações que firmaram acordos com a Odebrecht ou com seus delatores, segundo as tratativas assinadas com executivos da empresa e homologadas em janeiro.

    Países que fizeram propostas a executivos do grupo e que lhes garantiram que não sofrerão punições também podem ter acesso ao material.

    Até o momento, o único país que assinou e homologou acordo com a Odebrecht foi a República Dominicana. A empreiteira tem negociações em andamento com Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Panamá, Peru, Venezuela, Angola e Portugal.

    Com a medida, Janot coloca pressão para que autoridades estrangeiras firmem acordos com o grupo baiano, pois essa se torna a única via para terem acesso às delações. Se o sigilo fosse levantando, a avaliação da Odebrecht é que seria muito mais difícil dar continuidade às negociações que mantém no exterior.

    Em fevereiro, procuradores-gerais de dez países que têm investigações em curso ligadas à Odebrecht estiveram em reunião na PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, para discutir o compartilhamento de provas da delação da empreiteira. Eles chegaram, inclusive, a assistir apresentações feitas por advogados do grupo.

    Em dezembro de 2016, o DoJ (Departamento de Justiça dos Estados Unidos) revelou documentos nos quais detalhava supostos subornos de cerca de US$ 788 milhões por parte da empresa brasileira em 12 países da América Latina e África.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024