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    Lava Jato

    Executivo delata ex-assessor de Temer por obra em estádio

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    31/05/2017 02h00

    Paulo Whitaker/Reuters
    Tadeu Filippelli, a special adviser in Brazil's President Michel Temer's Cabinet, arrives at the Federal Police headquarter after he was arrested, in Brasilia, Brazil, May 23, 2017. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: BSB206r
    Tadeu Filippelli, ex-assessor de Temer e ex-vice governador do Distrito Federal

    Assessor especial do presidente Michel Temer até a semana passada, quando foi preso pela Operação Panatenaico, o ex-vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli (PMDB) teria cobrado pessoalmente pagamento de propina relativa à obra do estádio Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014, que estava em atraso.

    A afirmação partiu de Carlos José de Souza, um dos executivos da empreiteira Andrade Gutierrez que fecharam acordo de leniência com a Procuradoria da República no DF. O acerto foi homologado pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira.

    O depoimento foi prestado no dia 26 de abril passado. Deflagrada no último dia 23, a Panatenaico levou à prisão Filippelli e mais nove pessoas, entre as quais dois ex-governadores do DF, Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (ex-DEM).

    Até a semana passada, Filippelli despachava no Palácio do Planalto. Ele foi exonerado horas depois da prisão.

    Funcionário da Andrade desde 1985, Carlos Souza foi indicado pela empreiteira, em 2008, como o responsável por estudos técnicos e de viabilidade da obra do estádio. A empreiteira acertou que atuaria em consórcio com a construtora Via Engenharia.

    As obras começaram em 2011, já no governo Agnelo. Nessa época, segundo Souza, ele recebeu a orientação de seus superiores na empresa de que a propina seria de 4%, calculados sobre o valor efetivamente recebido pela Andrade, dos quais 3% para o PT, "na pessoa de Agnelo", e 1% para o PMDB, "na pessoa de Filippelli".

    Sobre o PMDB, Souza disse que o "pagamento de propina" foi feito "por meio de doações de campanha" ao partido. Porém, entre "2012 e 2013", afirmou ter sido chamado por Filippelli em sua residência oficial para ouvir a reclamação de "ausência de pagamento da propina acertada no montante de 1%".

    Na conversa, segundo o colaborador, Filippelli disse que havia "acertado" com a Via Engenharia e instou a Andrade a "depois resolver essa questão junto à Via".

    Segundo os executivos da empreiteira que firmaram acordo de delação, o "operador" de Filippelli era Afrânio Roberto de Souza Filho, que na gestão Arruda ocupou cargos comissionados.

    A Folha apurou que a Andrade entregou aos investigadores uma tabela em que estariam registros de mais de R$ 20 milhões em espécie em pagamentos a Afrânio entre os anos de 2013 e 2014. No verso do papel, há anotações atribuídas a Afrânio.

    OUTRO LADO

    O advogado de Filippelli, Alexandre Queiroz, afirmou que não iria se manifestar. "Vou esperar para ver como a Justiça vai se posicionar e também a defesa até o momento não teve acesso ao material apreendido na semana passada." A Via Engenharia informou que "ainda analisa o teor da delação para então se pronunciar". Os advogados de Agnelo, Arruda e Afrânio não foram localizados.

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