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    Lava Jato

    Partidos que reúnem 100 deputados discutem apoio a Maia em eleição indireta

    RANIER BRAGON
    BRUNO BOGHOSSIAN
    LUCAS VETTORAZZO
    DANIEL CARVALHO
    CATIA SEABRA
    DE BRASÍLIA

    31/05/2017 16h48 - Atualizado às 17h55

    Alan Marques/Folhapress

    Cinco partidos de esquerda e da base governista discutiram na noite desta terça-feira (30) atuar de forma unificada no processo de escolha do sucessor de Michel Temer, caso o peemedebista não consiga se manter no cargo.

    PSB, PDT, PC do B (esquerda), Solidariedade e PTB (base de Temer) somam 98 dos 513 deputados.

    Na edição desta quarta (31), O Painel revelou que essas siglas estão formando um bloco para chegarem fortalecidas a uma eventual eleição indireta, pelo Congresso Nacional, que é a regra definida hoje na Constituição para o caso de vacância do cargo de presidente.

    Apesar de a esquerda defender abertamente eleições diretas, deputados avaliam nos bastidores que são pequenas as chances de isso acontecer, já que isso depende de uma polêmica e difícil alteração da Constituição.

    No encontro, realizado na casa do líder da bancada do PDT, Weverton Rocha (MA), a tese mais defendida, conforme a Folha apurou, foi a de apoio ao atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

    A contrapartida seria ele fazer uma inflexão no seu discurso pró-reformas, adotando a defesa de mudanças nas legislações trabalhistas e previdenciárias mais amenas em relação às propostas por Temer.

    Maia tem bom trânsito com os partidos de esquerda, inclusive o PT, o maior deles, tendo recebido o apoio dessas siglas nas duas vitórias que teve para comandar a Câmara, em 2016 e 2017.

    No entanto, o presidente da Câmara tem sido, pelo menos em público, um dos principais defensores da permanência de Temer e da defesa das reformas do peemedebista.

    Pessoas próximas ao ex-presidente Lula no PT e no PCdoB estão articulando para que Maia encontre o petista em Brasília nos próximos dias.

    O objetivo seria ter a bênção do ex-presidente para uma possível indicação da esquerda para eleição indireta de Maia.

    O presidente da Câmara vinha tentando desde a semana passada uma reunião, ainda sem sucesso, com Lula. Interlocutores afirmam que o momento está próximo de chegar, principalmente porque o ex-presidente estará em Brasília para o Congresso do PT nos próximos dias.

    O PT tem uma espécie de dívida de gratidão com Maia, porque ele foi um dos oito deputados do DEM a votar a favor das medidas de ajuste fiscal propostas pelo então ministro da Fazenda Joaquim Levy.

    Apesar de pessoas com interlocução com os dois estarem tentando articular um encontro entre Maia e Lula, o petista desautorizou qualquer tipo de negociação.

    "Vamos pelas diretas. O PT não participa do colégio eleitoral", disse o ex-presidente durante reunião nesta quarta-feira (31) com diferentes forças do PT.

    Segundo a Folha apurou, Lula disse a amigos que não há possibilidade de o PT ser fiador de um nome, embora alguns petistas defendam o diálogo inclusive com a oposição.

    Nas conversas com aliados, Lula disse ainda que existe a possibilidade de Rodrigo Maia ser o presidente já que, fora da negociação, o PT não terá peso para indicar outro nome.

    Lula disse não querer que o nome dele seja apresentado formalmente no encontro partidário desta semana, já que a prioridade, insistiu, é a luta pelas eleições diretas.

    VICE

    Embora a discussão tenha sido inconclusiva, nomes chegaram a ser citados como possíveis vice em uma candidatura de Maia, entre eles o do ex-ministro Aldo Rebelo (PC do B), que estava no jantar desta terça.

    Segundo participantes do encontro, o presidente da Câmara tem sido informado do andar das negociações entre esses partidos. A Folha não conseguiu falar com ele até a publicação desta reportagem.

    O secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, ligou para a Folha após a publicação desta reportagem para dizer que participou da reunião, mas que em nenhum momento foram discutidos nomes ou chapas. "O que se discutiu foi a viabilidade de participação em uma possível eleição indireta e a estratégia conjunta a ser adotada nesse caso."

    A tentativa das cinco legendas é criar uma contraposição competitiva ao candidato oficialmente apoiado por PMDB e PSDB, os dois maiores partidos da base governista. O nome mais em alta neste momento entre tucanos e peemedebistas, no caso da saída de Temer, é o do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

    Se houver vacância do cargo de presidente da República no atual momento, a Constituição determina eleições indiretas, pelo Congresso, em um prazo de 30 dias. As regras detalhadas dessa disputa ainda não estão definidas. Nesse período, a Presidência seria ocupada interinamente por Rodrigo Maia, que é hoje o primeiro na linha sucessória.

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