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    Lula chama Joesley de 'canalha' e diz que PT precisa discursar para fora

    MARINA DIAS
    CATIA SEABRA
    ANGELA BOLDRINI
    DE BRASÍLIA

    01/06/2017 23h51 - Atualizado às 23h56

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 01-06-2017, 21h00: Sessão de abertura do 6ø Congresso Nacional do PT, com a participação do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma, ao lado do presidente do PT Rui Falcão, do governador de MG Fernando Pimentel, dentre outros, no centro de eventos Brasil 21, em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Os ex-presidentes Lula e Dilma na abertura do 6º Congresso Nacional do PT

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu em cinco ações penais, chamou de "canalha" o empresário Joesley Batista, da J&F, que, em delação premiada, disse que pagou propina no valor de US$ 150 milhões para Lula e Dilma Rousseff por meio de contas no exterior. A fala aconteceu na abertura do 6º Congresso Nacional do PT, em Brasília.

    "Um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra Dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana [plateia ri]. Tá na hora de parar de palhaçada, que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento", completou o ex-presidente.

    Ele repetiu ainda que "já provou" sua inocência e agora quer que "eles provem minha culpa". "Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal, esse eu quero decidir com o representante do Ministério Público da Lava Jato".

    O ex-presidente também criticou o discurso do PT, geralmente focado na própria militância, e disse que o partido deve se reconectar à esquerda, radicalizando posições, se quiser voltar a governar o país a partir de 2018.

    Lula admitiu que os últimos seis anos foram "os mais difíceis da história do PT" e pediu que os dirigentes da sigla parem de falar para eles mesmos e discursem para fora, para que a legenda "volte a despertar esperança".

    "Não falem para vocês mesmos, falem para os milhões e milhões de brasileiros que não estão aqui e que precisam que o PT tome as decisões certas para voltar a despertar esperança", declarou diante de centenas de dirigentes petistas.

    "2018 está longe para quem não tem esperança, mas, para nós, 2018 é logo aí, já começou e não estamos com medo. Vamos voltar a governar esse país a partir de 2018", completou o ex-presidente.

    Até sábado (3), dirigentes do PT elegerão o novo presidente da sigla –que deve ser a senadora Gleisi Hoffmann (PR)– e discutirão as diretrizes do partido diante da crise que assola o país e o governo do presidente Michel Temer.

    Lula disse que a legenda não pode "perder tempo" avaliando os governo Lula e Dilma, mas fazer um discurso "exequível". Disse ainda que é preciso "transformar o nosso discurso" e "radicalizar o que puder em defesa da liberdade". "Senão, a gente precisa fazer aliança com outros partidos, e não se faz aliança com quem perde, se faz com quem ganha", disse.

    DILMA

    Em seu discurso, a ex-presidente Dilma Rousseff defendeu as eleições diretas para substituir o presidente Michel Temer, sendo Lula o seu candidato, e disse que o país é "ingovernável" sem reforma política e a democratização dos meios de comunicação. Ela disse que, quando se rompe a Constituição, como no seu processo de impeachment, "tudo é possível".

    "Perder eleição não é vergonha, vergonha é tentar ganhar no 'tapetão', sem voto", afirmou Dilma.

    Segundo ela, as acusações que apareceram contra Temer eram de conhecimento de "todas as instituições de investigação" e que parte do Judiciário e do Ministério Público usa a lei para "guerra".

    "E é isso que nós estamos vendo: o Executivo briga com o Ministério Público, o Ministério Público, com Judiciário e o Judiciário, com Legislativo", disse. "E cria-se um esfacelamento institucional, um esgarçamento dos direitos."

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