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    Suspeito de desvios, ex-presidente de estatal da ferrovia Norte-Sul é preso

    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    02/06/2017 09h14 - Atualizado às 18h54

    O ex-presidente da Valec (estatal que detém a concessão da ferrovia Norte-Sul), José Francisco das Neves, o Juquinha, foi preso preventivamente pela PF nesta sexta-feira (2).

    O pedido de prisão do Ministério Público Federal está ligado à operação De Volta aos Trilhos, desdobramento da Lava Jato e nova etapa das operações O Recebedor e Tabela Periódica. Tais investigações sugiram a partir das delações premiadas de executivos da Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, que relataram o pagamento de propina a Juquinha das Neves.

    No último dia 25, o ex-presidente da Valec foi conduzido coercitivamente à PF. Na mesma data, o filho dele, Jader Ferreira das Neves, foi preso.

    Naquela data os procuradores haviam pedido a prisão preventiva de Juquinha, negada pela 11ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, que considerou não haver provas suficientes de atualidade criminosa.

    Agora o juiz reavaliou a situação e expediu um novo mandado de prisão contra Juquinha.

    Juquinha e seu filho Jader são suspeitos de lavagem dinheiro oriundo de propina e de ocultação de patrimônio. Eles já foram condenados na ação penal resultante da operação Trem Pagador sob acusação de formarem quadrilha e lavarem aproximadamente R$ 20 milhões oriundos de crimes de cartel, fraudes em licitações, peculato e corrupção nas obras de construção da ferrovia.

    Os procuradores do caso afirmaram que os suspeitos continuaram lavando dinheiro da propina mesmo depois de condenados à prisão, "produzindo provas falsas no processo para ludibriar o juízo e assegurar impunidade, além de custearem parte de sua defesa técnica (advogados) com dinheiro de propina".

    Os dois aguardavam o julgamento de seus recursos em liberdade.

    Conforme mostrou reportagem da Folha, nos últimos 30 anos a ferrovia Norte-Sul consumiu R$ 28 bilhões em valores corrigidos pela inflação e órgãos de controle e fiscalização estimam que pelo menos um terço foi superfaturado.

    Em notas, os advogados de Juquinha e Jader, André Luiz Figueira Cardoso e Luís Renato Zubcov, afirmam que as prisões não têm fundamento.

    O texto afirma que Juquinha e Jader abriram os dados patrimoniais e de movimentação financeira, portanto inviabiliza a continuidade de lavagem de dinheiro. O pedido de prisão também teria alegado obstrução à Justiça. Os advogados dizem, no entanto, que os documentos considerados falsos foram discutidos em 2012.

    "Sobre as acusações feitas por outros acusados, sob o pretexto de receber benefícios (por isso que se chama "delação premiada"), importante ressaltar que a delação de forma isolada não é suficiente para comprovação da culpa, conforme reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal", acrescentam os advogados.

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