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    Cabral se torna réu pela décima vez por crimes de corrupção no Rio

    VENCESLAU BORLINA FILHO
    DE SÃO PAULO
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    02/06/2017 13h30 - Atualizado às 18h11

    Geraldo Bubniak - 10.dez.2016/Agência O Globo
    *** USO ONLINE *** Curitiba (PR), LAVA JATO -O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) realiza exame corpo delito no IML em Curitiba neste sabado (10). Ele esta preso desde o dia 17 de novembro no Complexo Penitenciario de Gericino (Bangu), com outros presos na Operacao Calicute, deflagrada pela Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Foto: Geraldo Bubniak/ Agencia O Globo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral é levado à carceragem da PF em Curitiba

    O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) tornou-se réu pela décima vez consecutiva nesta sexta-feira (2).

    O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, acatou a denúncia do Ministério Público Federal apresentada pela manhã, de lavagem de dinheiro envolvendo as empresas Survey Mar e Serviços Ltda. e a FW Engenharia.

    De acordo com os procuradores, a Survey foi usada para legalizar propina da FW Engenharia, no total de R$ 1,7 milhão. Durante os governos de Cabral (2007 a 2014), a segunda empresa aumentou em 37 vezes seu volume de contratos com o governo do Rio, com obras expressivas, como a urbanização do Complexo de Manguinhos.

    Também foram denunciados Flávio Werneck, dono da FW Engenharia; Alberto Conde, contador da empresa; Carlos Miranda, um dos operadores do esquema, além de Suzana Neves, ex-mulher de Cabral, e o irmão dele, Maurício Cabral. Os dois, segundo a Procuradoria, foram beneficiados com recursos do esquema.

    Segundo a denúncia, a Survey foi registrada no nome da filha de Conde e de um ex-funcionário. O contador confirmou que nenhum deles tinha relação. Na verdade, os pagamentos eram realizados por orientação de Werneck, que depositava na conta da Survey os valores que seriam repassados a outras empresas de fachada.

    Um das empresas de fachada, a Araras Empreendimentos, é de propriedade de Susana Neves. As investigações identificaram, entre outubro de 2011 e dezembro de 2013, 31 depósitos bancários da Survey em favor da Araras, totalizando R$ 1,266 milhão. Os valores eram fracionados para não despertarem a atenção dos órgãos de fiscalização.

    No caso do irmão do ex-governador, foi identificado o depósito de um cheque da Survey em favor da Estalo Comunicação Ltda., no valor de R$ 240 mil. Segundo os procuradores, a Estalo é uma empresa de publicidade de Maurício Cabral. O valor corresponde a quase 50% da receita bruta da Survey em 2011, de R$ 534,9 mil.

    A denúncia também aponta o depósito de quatro cheques na contra da LRG Agropecuária, de Carlos Miranda, no valor de R$ 193,8 mil, entre dezembro de 2011 e abril de 2012. As investigações concluíram que a LRG Agropecuária era uma empresa de fachada usada na operacionalização de esquema de lavagem de recursos.

    A denúncia pede a condenação de Sérgio Cabral, Flávio Werneck e Alberto Conde por 36 atos de lavagem de dinheiro, divididos em três episódios; a condenação de Susana Neves por 31 atos de lavagem e de Maurício Cabral por um ato, e de Carlos Miranda por quatro atos, cada um em um episódio.

    "Diante da grandiosidade do esquema criminoso, a presente denúncia não esgota todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, não representando arquivamento implícito quanto a pessoas ou fatos não denunciados", informou a Procuradoria, em nota.

    O advogado de Sérgio Cabral, Fernando Fragoso, ainda não se manifestou sobre a denúncia. A assessoria da FW Engenharia, que pertence a Werneck e tem como contador Conde, informou às 16h53 que a direção da empresa não vai se manifestar. A Folha não obteve contato dos representantes de Carlos Miranda, Suzana Neves e Maurício Cabral.

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    CRONOLOGIA DAS DENÚNCIAS

    6.dez.2016
    Corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa em obras do governo do Estado financiadas por recursos federais, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e a reforma do Maracanã para a Copa de 2014;

    16.dez.2016
    Lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo as obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), da Petrobras;

    10.fev.2017
    Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas junto com Eike Batista, em razão da criação de uma offshore que "aconselhou" o empresário na compra de uma mina de ouro;

    14.fev.2017
    Corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo pagamento de despesas pessoais por empreiteiras e empresas diversas;

    21.fev.2017
    Lavagem de dinheiro por meio de empresas fantasmas e compra de veículos e imóveis, na tentativa de ocultar dinheiro de propina recebido de empresas;

    8.mar.2017
    Evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção passiva envolvendo propinas pagas no exterior, parte delas em diamantes;

    20.abr.2017
    Fraudes em licitações para a reforma do estádio do Maracanã e obras de urbanização de favelas por meio do PAC, e superfaturamento e formação de cartel em obras públicas financiadas pela União.

    15.mai.2017
    Corrupção passiva e ativa e organização criminosa por propinas na Secretaria de Estado da Saúde, entre 2007 e 2014;

    23.mai.2017
    Corrupção ativa e passiva por esquema de pagamento de propina envolvendo a empreiteira Carioca Christiani-Nielsen, em contratos das obras do Arco Metropolitano, do PAC Favelas e da Linha 4 do metrô;

    2.jun.2017
    Lavagem de dinheiro envolvendo o pagamento de propinas da FW Engenharia por meio da Survey Mar e Serviços Ltda.

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