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    Lava Jato

    Suposto cartel dos Perrella atuou em presídio de Andrea Neves

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    05/06/2017 02h00

    Pedro Silveira/Folhapress
    BELO HORIZONTE, MG, 18.05.2017: ANDREA-NEVES - A irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, chega ao Instituto Médico Legal de Belo Horizonte para exame de corpo de delito após ser presa em nova fase da Operação Lava Jato. (Foto: Pedro Silveira/Folhapress)
    A irmã de Aécio Neves, Andrea Neves, chega ao IML de Belo Horizonte após ser presa pela Lava Jato

    O Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, na zona leste de Belo Horizonte, tornou-se mais um ponto de conexão entre as famílias do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e do também senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

    A irmã de Aécio, Andrea Neves, está presa desde o dia 18 de maio na unidade –um dos locais onde atuava, segundo o Ministério Público de Minas Gerais, um cartel liderado pelo irmão de Zezé, Alvimar de Oliveira Costa, para fraudar licitações de alimentação a presos.

    Em 2014, Alvimar foi alvo de denúncia por formação de cartel, fraude à licitação, corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e fraude processual. Ele responde ainda a uma ação civil pública por improbidade administrativa. Outras 17 pessoas também estão envolvidas no suposto esquema.

    A investigação aponta que a Stillus Alimentação Ltda, de propriedade de Alvimar, e outras cinco empresas do setor combinaram preços para dividir entre si 32 licitações no valor de R$ 81 milhões entre janeiro de 2009 e agosto de 2011. O irmão de Zezé venceu concorrências que somavam R$ 32,4 milhões.

    Para que o esquema funcionasse, segundo o Ministério Público, Alvimar chegou a oferecer vantagens a duas servidoras estaduais que fiscalizavam as licitações e os contratos. Ex-presidente do Cruzeiro, ele fornecia ingressos para jogos e brindes do time.

    Em troca, as servidoras relevavam irregularidades, como entrega de refeições em menor quantidade ou de pior qualidade.

    A Stillus continuam atuando em Minas Gerais e fornece alimentação para 36 presídios. Neste ano, o governo de Minas empenhou pagamentos de R$ 27,1 milhões para a empresa.

    O Ministério Público chegou a pedir a suspensão das atividades dos denunciados, mas a Justiça não acatou. Uma liminar bloqueou bens dos acusados no valor do prejuízo estimado (R$ 81 milhões).

    Em conversa interceptada pela Polícia Federal entre Aécio e Zezé, o tucano menciona Alvimar e suas "quentinhas". O telefonema ocorreu após a divulgação da lista de políticos mencionados na delação da Odebrecht ""entre eles Aécio, que reclama com o aliado por ele ter incriminado colegas em uma declaração.

    OUTRO LADO

    O advogado Leonardo Guimarães, que defende Alvimar e a Stillus, afirmou que a investigação tem uma série de equívocos. "Foram selecionadas poucas licitações em que coincidem essas empresas e deixaram de analisar o universo de licitações", diz.

    O defensor afirma também que não houve dano aos cofres públicos.

    Aécio e Andrea Neves negam as acusações relacionadas à delação da JBS.

    Na mira da JBS

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