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    Lava Jato

    Nosso inimigo é o PT, diz Doria contra desembarque do governo Temer

    ANA LUIZA ALBUQUERQUE
    DE SÃO PAULO

    05/06/2017 21h13 - Atualizado às 23h11

    Ana Luiza Albuquerque/Folhapress
    O prefeito João Doria em reunião no Diretório Estadual do PSDB
    O prefeito João Doria em reunião no Diretório Estadual do PSDB

    Para o prefeito João Doria, a "hora de atacar" não chegou para o PSDB. O inimigo, segundo ele, é antigo. "É preciso ter a compreensão do momento certo de atacar e saber quem é o inimigo. O nosso inimigo é o PT, o inimigo do Brasil."

    A declaração foi dada em reunião no Diretório Estadual do PSDB na noite desta segunda-feira (5), para tratar o eventual desembarque do governo de Michel Temer (PMDB), cujo julgamento da chapa presidencial que fez parte em 2014 começa nesta terça (6) no Tribunal Superior Eleitoral. Com o partido dividido, não foi tirada uma resolução oficial.

    Doria afirmou que não cabe tomar decisões neste momento. "Temos amanhã um julgamento e precisamos confiar na Justiça."

    "O fácil para o prefeito de São Paulo era não vir. Para que vou me expor? Mas esse não é o João Doria, o João Doria é guerreiro", continuou. "Muitas vezes, pelas boas causas, a precipitação pode levar à fragilização de um guerreiro. Pode condenar um exército vitorioso à derrota."

    Doria disse que conversou com o governador Geraldo Alckmin antes da reunião e que sua fala estava autorizada por ele. "Nossa posição é indivisível, não há a menor possibilidade de dividirem Geraldo e João."

    Alckmin, que não esteve presente na reunião desta segunda, se encontrou com Michel Temer na noite de sexta-feira (2) para reafirmar o apoio ao governo.

    Em entrevista à imprensa após a reunião, Doria reforçou que o partido deve esperar a decisão do TSE para tomar a própria. "Temos que respeitar o rito da Justiça. Precipitar agora só prejudicaria as reformas e a estabilidade do país."

    O deputado estadual Coronel Telhada reagiu à fala de Doria. "O que foi conversado lá fora é que o PSDB estava desembarcando. Não vale decisão do governador ou do prefeito, por isso que fomos chamados. Então não era preciso fazer reunião", disse aos jornalistas.

    Também se manifestou contra o afastamento do governo o senador José Aníbal, que pediu para que o partido dê "o tempo da política". "Não queremos que no ano que vem prevaleça uma polarização salvacionista, Bolsonaro, Lula... Isso só vamos conseguir se o Brasil voltar a crescer. Esse espírito de tentar resolver as coisas de 'bate pronto' leva a muitos equívocos."

    O deputado estadual Barros Munhoz defendeu a permanência da legenda por entender que São Paulo precisa dos investimentos que "ficou 12 anos sem ter".

    Ele aproveitou para atacar a Operação Lava Jato, a qual classifica como mais "perniciosa" do que a ditadura militar. "Quem já foi vítima disso, de 'promotorzinho' que para aparecer persegue prefeito, empresário, sabe do que estou falando. Ninguém aguenta mais essa ditadura, é muito mais perniciosa que a ditadura militar."

    Entre os que se manifestaram a favor do desembarque, aplaudidos pelo auditório, estão Pedro Tobias, presidente do Diretório Estadual, que considera "péssimo" que o partido tenha entrado no governo Temer, e o presidente da Assembleia Legislativa, Cauê Macris, da corrente dos "cabeças pretas" (em oposição aos "cabeças brancas", da cúpula do partido), para quem "os fins não justificam os meios".

    Também defenderam o desembarque o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, que se disse envergonhado por apoiar um governo "que faz reuniões de madrugada", e o vice-presidente Nacional do PSDB, Carlos Sampaio. "Quero a transição com reformas. Hoje a preocupação de Temer é muito mais manter-se no cargo do que fazer as reformas. Ser responsável é lutar pelo país, não manter-se em um governo que perdeu a credibilidade", declarou Sampaio.

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