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    Lava Jato

    PF achou planilha de propinas da JBS antes da delação

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    06/06/2017 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Joesley Batista, da empresa JBS: empresa acertou acordo de leniência e ações subiram 8,5%
    Joesley Batista, da empresa JBS

    Um mês antes de estourar o escândalo da delação do empresário Joesley Batista, uma investigação da Polícia Federal havia enviado à Justiça Federal planilhas da empresa JBS que indicam o pagamento de R$ 34 milhões em propinas para políticos e para o PMDB no Mato Grosso do Sul.

    Os papéis foram apreendidos durante a Operação Lama Asfáltica, desencadeada em Campo Grande (MS) para investigar um suposto esquema de superfaturamento de obras e desvios. Um dos principais investigados é o ex-governador André Puccinelli (PMDB), que foi colocado em prisão domiciliar em 11 de maio.

    Em 2016, a PF havia localizado na casa de um secretário adjunto da Fazenda no Estado planilhas com datas, nomes e valores e cópias de três acordos assinados entre a JBS e o governo do Estado para concessão de benefícios fiscais. Os acordos eram assinados, pela JBS, por Valdir Boni, que se tornou delator no acordo fechado com a PGR (Procuradoria Geral da República).

    A PF entregou à Justiça Federal, no dia 19 de abril, uma análise sobre os papéis apreendidos. Uma auditoria feita nas planilhas pela CGU (Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União) apontou uma correspondência entre os benefícios obtidos pela JBS na área tributária e os valores anotados como pagamentos, à proporção de 20%.

    As anotações indicam que R$ 5 milhões foram pagos ao "PMDB", R$ 9,2 milhões para uma empreiteira e mais R$ 2 milhões para uma gráfica, entre outros pagamentos.

    As conclusões da PF na operação encontraram confirmação no conteúdo das delações da JBS e que vieram a público depois da investigação de MS. Em depoimento gravado em vídeo no acordo assinado com a PGR, um dos donos da JBS, Wesley Batista, afirmou que "o esquema" começou na época do governador e atual deputado Zeca do PT.

    Em documento entregue à PGR, Valdir Boni, afirmou que a JBS pagou R$ 150 milhões como remuneração pelos decretos, tanto na gestão de Puccinelli quanto na do atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

    OUTRO LADO

    Em entrevista coletiva, Reinaldo Azambuja disse que doações feitas pela JBS foram declaradas à Justiça Eleitoral no diretório do PSDB, que repassou os recursos à sua campanha. Azambuja disse que, desde que tomou posse em 2015, mudou a política de incentivos fiscais e isso fez "dobrar" os recolhimentos da JBS em impostos. A Folha não conseguiu localizar as defesas de Puccinelli e de Zeca do PT.

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