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    Lava Jato

    Às vésperas de julgamento no TSE, Dilma defende eleições diretas

    VENCESLAU BORLINA FILHO
    DE SÃO PAULO

    05/06/2017 21h59

    Bruno Santos/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 05-06-2017: A ex-presidente Dilma Rousseff participa de uma conferencia na abertura do Salão do Livro Político na PUC-SP. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** FSP-PODER *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Dilma Rousseff em evento, em São Paulo

    A ex-presidente Dilma Rousseff defendeu nesta segunda-feira (5) a realização de eleições diretas e classificou como estarrecedora a declaração do senador afastado Aécio Neves (PSDB), de que entrou com ações na Justiça Eleitoral apenas para "encher o saco", como revelado em gravação da Polícia Federal.

    Dilma também afirmou que as reformas da Previdência e trabalhista atualmente propostas mudam por completo o que está em vigor no país e que, junto da PEC (proposta de emenda constitucional) do teto dos gastos públicos, atendem à política neoliberalista que vem sendo derrotada desde 2003 pelo PT.

    Às vésperas do início do julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode cassar a chapa que a elegeu junto com o atual presidente Michel Temer, a ex-presidente afirmou que somente com as eleições diretas e participação popular é que a democracia será restabelecida no país, após o golpe sofrido por ela.

    Durante palestra no Tuca (Teatro da Pontifícia Universidade Católica), em São Paulo, Dilma afirmou que a fala de Aécio Neves é gravíssima, "porque mostra a leviandade, a falta de princípio e de valor, que leva à marcha batida uma das maiores crises políticas e institucionais" vividas pelo país.

    Por quase uma hora, Dilma falou a uma plateia formada principalmente por jovens universitários. O espaço estava lotado. O teatro tem capacidade para 672 pessoas sentadas e algumas ficaram de pé. Ao começar a palestra, a ex-presidente foi recebida por gritos de "Dilma, guerreira da pátria brasileira".

    A petista não deu entrevistas aos jornalistas. "Aguardemos a Justiça", se restringiu ao dizer ao ser perguntada sobre a expectativa do julgamento e das possibilidades de ter os direitos políticos cassados por até oito anos, assim como a saída de Temer do poder. O julgamento nesta terça está previsto para começar às 19h.

    Dilma afirmou que ainda não entendeu a origem da gravação que implicou Temer na delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, a maior processadora de proteína animal do mundo. Ela disse não se tratar de uma defesa "ao presidente ilegítimo", mas de algo que envolve a democracia.

    "Tinham autorização para gravá-lo? Porque se eles o colocaram lá, então que o respeitem. Não é uma questão dele [Michel Temer]. É uma questão relativa ao presidente", disse, lembrando do episódio em que também foi gravada e teve a conversa divulgada enquanto no exercício da Presidência.

    "Não é possível aceitar qualquer ato de exceção no estado de direito democrático", afirmou Dilma. "Gravação e divulgação de conversas de um presidente é questão de segurança nacional. Vai gravar uma conversa do Trump [Donald Trump, presidente dos EUA] para ver o que acontece", completou a petista.

    A ex-presidente afirmou que 2018 está chegando e que o que o atual governo conseguiu até agora foi desmontar o Brasil. "Isso é gravíssimo. A cada dia estamos perdendo uma coisa. Eles desestabilizam tudo o que podem. Quando se dá um golpe, ele se expande e cria um estado de exceção", afirmou.

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