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    Lava Jato

    Para Planalto, prisão de Henrique Alves reforça pressão sobre TSE

    GUSTAVO URIBE
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    06/06/2017 08h22 - Atualizado às 09h22

    Pedro Ladeira - 14.jan.2015/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 14-01-2015, 11h00: Reunião da cúpula do PMDB para declarar apoio às candidaturas de Eduardo Cunha e Renan Calheiros para as presidências da câmara e do senado. A reunião teve a presença do vice presidente Michel Temer, do presidente do PMDB Valdir Raupp, do presidente da câmara Henrique Alves, do ex-ministro Moreira Franco, do senador José Sarney e demais caciques do PMDB. Na presidência do partido na câmara dos deputados. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Michel Temer (esq.), Henrique Alves e Moreira Franco (dir.) em reunião do PMDB

    A prisão de Henrique Eduardo Alves, na manhã desta terça (6), reforçou a crítica entre auxiliares e assessores do presidente Michel Temer sobre a tentativa do Ministério Público de pressionar a Justiça Eleitoral.

    Também nesta terça-feira (6), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) retomará o julgamento que poderá cassar o mandato do presidente.

    Para o entorno do peemedebista, a prisão ocorre "com um timing estranho", já que o ex-ministro do Turismo estava afastado da pasta há um ano e, de acordo com ele, as suspeitas sobre a construção da Arena das Dunas "não são novas".

    Nas palavras de um aliado do presidente, a iniciativa se soma ao pedido feito na segunda-feira (5) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pede a suspensão imediata de medida provisória que garante foro privilegiado ao ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco.

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    Auxiliares do Planalto se irritaram com a operação desta terça e avaliam que o envio das perguntas pela PF ao presidente, nesta segunda, e a prisão de Alves têm o objetivo de criar uma "combinação explosiva" para pressionar o TSE a condenar Temer.

    Eles acreditam que, independentemente do que Temer responder —e se responder— sobre os questionamentos relacionados à delação da JBS, virá um "indiciamento político" contra ele.

    A ordem no Planalto era declarar guerra pública à PGR (Procuradoria-Geral da República), pontuando o que consideram ser o viés político da procuradoria, mas os assessores do presidente acabaram sofrendo um contragolpe, com as ações do MPF às vésperas do julgamento do TSE e agora acreditam que "não há mais tempo" para reverter qualquer impacto político que venha a surtir sobre o tribunal eleitoral.

    A expectativa no Palácio do Planalto, no entanto, é de que a pressão que estaria sendo feita pelo Ministério Público tenha efeito contrário sobre os ministros da Corte Eleitoral, estimulando uma postura de independência.

    No domingo (4), o advogado Gustavo Guedes, responsável pela defesa do presidente no TSE, disse que o procurador-geral "está tentando constranger" o tribunal eleitoral a condenar o peemedebista.

    Em conversas reservadas, Temer tem demonstrado indignação com a postura de Janot e dito que ele tem se comportado como um adversário.

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    A operação desta terça-feira (6) foi batizada como Manus e apura supostos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.

    A investigação se baseia em provas da Operação Lava Jato que apontam que Henrique Alves e o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) receberam suborno na construção da Arena das Dunas, estádio construído em Natal para a Copa do Mundo.

    De acordo com a apuração da Polícia Federal e do Ministério Público, houve sobrepreço de R$ 77 milhões no valor da obras, com favorecimento de duas grandes construtoras.

    Os pagamentos ocorreram como doação eleitoral oficial, entre 2012 e 2014. Os valores, segundo os investigadores, omitiam subornos e, em um dos casos, eram desviados em benefícios pessoais.

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