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    Procuradoria denuncia procurador suspeito de ser infiltrado por Joesley

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE BRASÍLIA

    06/06/2017 17h05 - Atualizado às 17h50

    O Ministério Público Federal denunciou nesta segunda-feira (5) o procurador Ângelo Goulart Villela sob acusação de corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução à investigação de organização criminosa, em decorrência da delação da JBS.

    A denúncia foi oferecida pela Procuradoria Regional da República da 3ª Região ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) porque Villela, apesar de estar cedido à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, no período dos supostos crimes, era originalmente lotado na Procuradoria da República em Osasco (SP).

    O advogado Willez Tomaz também foi denunciado, sob acusação de corrupção ativa, violação de sigilo e obstrução de investigação.

    Os dois estão presos desde 18 de maio, quando foi deflagrada a Operação Patmos, por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin. A Procuradoria Regional manifestou-se pela manutenção da prisão preventiva deles.

    Em sua delação, Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse que o procurador Villela teria recebido uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês para vazar informações sigilosas sobre investigações do Ministério Público. O advogado Tomaz seria o intermediário entre a JBS, interessada nas informações, e o procurador.

    Villela integrava a força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga um suposto esquema de uso irregular de recursos de fundos de pensão. A suspeita é que uma das empresas do grupo J&F, que controla a JBS, tenha sido beneficiada pelo esquema.

    Segundo a delação de Joesley, o escritório do advogado Willer Tomaz foi contratado pela J&F por R$ 8 milhões –metade desse valor foi pago no início e o restante seria pago após o êxito do serviço, que seria o arquivamento da investigação da Greenfield.

    Tomaz, de acordo com Joesley, contou que dava a Villela uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês em troca de informações. O empresário, porém, disse não saber se o dinheiro era de fato repassado ao procurador.

    O responsável pelo departamento jurídico da J&F, Francisco de Assis e Silva, também delator, confirmou aos investigadores a história relatada por Joesley.

    OUTRO LADO

    A defesa do procurador Ângelo Goulart Villela afirmou que "tem a convicção da inocência do seu cliente e que isso será esclarecido ao longo do processo com o princípio do contraditório". Segundo a defesa, o procurador não foi ouvido até o momento.

    João Marcos Braga, advogado de Willer Tomaz, afirmou que só vai se manifestar no processo.

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