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    Planilha de Palocci representava 1% da propina da Odebrecht, diz executivo

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    07/06/2017 19h18

    Rodolfo Buhrer/Reuters
    Antonio Palocci (front), former finance minister and presidential chief of staff in recent Workers Party (PT) governments, is escorted by federal police officers as he leaves the Institute of Forensic Science in Curitiba, Brazil, September 26, 2016. REUTERS/Rodolfo Buhrer ORG XMIT: BRA103
    Ex-ministro Antonio Palocci

    A planilha de propinas que teriam sido solicitadas à Odebrecht pelo ex-ministro Antonio Palocci, alvo da Operação Lava Jato, representava cerca de 1% do total de propinas pagas pela empreiteira ao longo de um ano.

    A informação foi dada por Hilberto Mascarenhas da Silva, que era responsável pelo setor de Operações Estruturadas da empresa -o setor de propinas da companhia.

    "Eu estava fazendo um cálculo com meu advogado: a planilha 'Italiano', no ano de 2013, foi 1% do valor gasto", declarou o executivo nesta quarta (7), em depoimento ao juiz Sergio Moro.

    "Italiano" era o apelido de Palocci, que, segundo a investigação, agia como interlocutor para pedidos de propina e contribuições ao PT e ao ex-presidente Lula. Sua defesa nega e afirma que ele só pedia doações eleitorais oficiais.

    Segundo Mascarenhas, a filosofia da Odebrecht era pagar "pedágio" por tudo que beneficiasse a empresa.

    "Então, se o Marcelo [Odebrecht, ex-presidente da empreiteira] foi a algum ministro ou a alguém, e conseguiu a aprovação de algo que ajudasse determinada área, e tinha algum pedágio para pagar por isso, o pedágio era debitado de quem se beneficiou", afirmou.

    O dinheiro saía de um "caixa dois" da empresa, com recursos gerados no exterior.

    BOLSA-DELAÇÃO

    Além dele, também prestaram depoimento nesta quarta (7) os delatores Márcio Faria e Rogério Araújo, ambos da Odebrecht.

    Os depoimentos integram uma das ações penais contra o ex-presidente Lula, que é acusado de ter solicitado à Odebrecht a compra de um terreno onde seria instalado o Instituto Lula. O terreno, na zona sul de São Paulo, foi adquirido pela empresa, mas acabou não sendo destinado à instituição.

    Tanto Faria quanto Araújo afirmaram que ainda recebem uma contribuição mensal da Odebrecht para se sustentarem -uma espécie de "bolsa-delação", como mostrou reportagem da Folha.

    O pagamento foi negociado entre a empresa e os executivos durante as tratativas do acordo de delação da Odebrecht, ao qual aderiram 77 executivos.

    Os dois estão desligados da empresa desde que foram presos, em junho de 2015. Atualmente, estão em prisão domiciliar.

    Nenhum deles disse ter conhecimento sobre a compra do imóvel ao Instituto Lula pela Odebrecht. Apenas Mascarenhas declarou que sabia da operação, e que o dinheiro saiu do "caixa um" da empresa, e não do setor de propinas.

    O advogado de Lula informou, em nota, que os depoimentos "provam os argumentos da defesa".

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