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    Lava Jato

    Temer tenta acelerar votação de possível denúncia na CCJ

    GUSTAVO URIBE
    DANIEL CARVALHO
    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE BRASÍLIA

    13/06/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 31-05-2017, 12h00: O presidente Michel Temer, acompanhado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e do presidente do senado Eunício Oliveira (PMDB-CE), durante cerimônia de Cerimônia de Lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2017/2020, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer

    Com a expectativa de que seja alvo de denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) na próxima semana, o presidente Michel Temer articula para que o tema seja votado pela Câmara antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho.

    Neste final de semana, o peemedebista começou a fazer o mapa de votação da denúncia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e a estruturar estratégia para reduzir o máximo possível o número de sessões regimentais.

    O objetivo é tentar encurtar a crise política, evitando que ela se estenda para o segundo semestre e continue a afetar o cronograma de votação da reforma previdenciária, cuja nova expectativa é de que fique apenas para agosto.

    Para julgar a abertura de processo contra o presidente por crime comum, o STF (Supremo Tribunal Federal) precisa de autorização da Câmara. O trâmite tem início na CCJ, que conta com um prazo regimental de até quinze sessões: dez para a defesa do presidente e cinco para a apresentação de parecer final sobre o caso.

    A ideia do Planalto é utilizar apenas três sessões para a formulação da defesa, pressionando o relator a também agilizar a apresentação do parecer, de preferência em menos de cinco sessões.

    RELATORES

    Segundo a Folha apurou, o tema já foi discutido com o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que não teria demonstrado resistência. Como a indicação do relator cabe ao presidente da comissão, o Palácio do Planalto tem defendido que seja escolhido um nome que seja de confiança do presidente, mas que também tenha conhecimento jurídico e perfil técnico.

    Os favoritos de Temer são Alceu Moreira (PMDB-RS) e Esperidião Amin (PP-SC), que estiveram com o presidente na noite desta segunda-feira (12), em audiência no Palácio do Planalto. Por ora, Moreira é o favorito, segundo aliados do presidente.

    Caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente denúncia apenas no final de junho, auxiliares e assessores do presidente defendem que se encurte o recesso parlamentar, também na tentativa de encerrar o processo ainda em julho.

    O encolhimento do recesso, no entanto, enfrenta resistência do Parlamento, já que este é um ano pré-eleitoral e os deputados utilizam o recesso para visitar suas bases políticas.

    Após passar pela CCJ, o parecer passará por discussão e votação nominal no plenário da Câmara. Se aprovado por pelo menos 2/3 dos parlamentares, a decisão é comunicada ao STF, que decidirá se aceita ou não a denúncia.

    Para evitar chegar a esta fase, o Palácio do Planalto tem negociado cargos e emendas com os partidos do chamado centrão, grupo formado por siglas como PSD, PTB, PP e PR.

    Temer é alvo de inquérito no STF por suspeitas de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa surgidas após a delação de executivos da JBS. A expectativa é de que nos próximos dias o procurador-geral apresente denúncia sobre o caso.

    NOVO PRAZO

    Nesta segunda, o ministro do STF Edson Fachin prorrogou em cinco dias o prazo para a Polícia Federal relatar o inquérito que investiga o presidente. Inicialmente, o prazo de dez dias concedido para a conclusão da investigação terminaria nesta terça-feira (13). Na semana passada, a PF pediu prorrogação.

    Em tese, após o inquérito ser concluído pela PF, a Procuradoria-Geral da República tem até cinco dias para oferecer denúncia ou pedir arquivamento. O órgão também pode apresentar denúncia antes de o relatório da PF ser concluído.

    O CAMINHO DA DENÚNCIA

    Caso Temer seja denunciado na investigação referente ao caso JBS:

    PGR
    Procuradoria-Geral da República encaminha denúncia ao STF

    STF
    Pede autorização da Câmara dos Deputados, para julgar a eventual abertura de um processo

    CCJ da Câmara
    O caso tramita primeiro na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), que tem de dar parecer sobre a denúncia após ouvir a defesa

    Plenário da Câmara
    O parecer da CCJ passará por discussão e votação nominal no plenário da Câmara dos Deputados. Se aprovado por pelo menos 2/3 deputados, a decisão é comunicada ao STF

    O CAMINHO DA DENÚNCIA - Como funciona uma ação contra o presidente da República

    Volta ao STF
    Caso a Câmara autorize a abertura do processo, o plenário do STF ainda precisa decidir se aceita denúncia

    Afastamento
    Se a denúncia for aceita pelo STF, o presidente ficará suspenso de suas funções por até 180 dias

    Retorno
    Se, decorrido o prazo de 180 dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do presidente. O processo segue com o presidente no cargo

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