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    Temer quer aprovar reformas para candidato governista, diz Haddad

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    16/06/2017 13h08 - Atualizado às 14h50

    Adriano Vizoni/Folhapress
    SAO PAULO - SP - BRASIL, 01-01-2017, 16h20: POSSE JOAO DORIA JR. O ex-prefeito Fernando Haddad durante solenidade de transmissao de cargo, realizada no Theatro Municipal. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress, COTIDIANO) ***EXCLUSIVO FSP***
    O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) durante transmissão de cargo

    O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou nesta sexta (16) que o governo Michel Temer quer aprovar reformas "a toque de caixa" para não carregar o ônus das medidas para o candidato governista nas próximas eleições, em 2018.

    "Dois presidentes eleitos, Fernando Collor e Fernando Henrique, não conseguiram fazer, do ponto de vista de desmanche do pacto de 1988, o que este governo, que não é nem democrático, nem nacional e nem social, pretende fazer a toque de caixa até o final deste ano para dar tempo de eles apresentarem um candidato para as eleições do ano que vem que não tenha que prestar contas das reformas que estão sendo feitas esse ano", afirmou.

    "Um candidato que possa entrar de cara lavada na eleição dizendo: 'olha, isso aí foi necessário, porque estava um descalabro. O passado teve essa briga PT, PSDB, PMDB, mas agora é olhar pra frente'. Eu já consigo imaginar o discurso."

    O ex-prefeito e ex-ministro da Educação discursou no 55º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Belo Horizonte.

    DIRETAS

    Haddad encampou a ideia de antecipar as eleições, manifestada recentemente por FHC. "Essa tese de antecipar as eleições gerais do ano que vem considerando o mandato pode ganhar impulso", disse. "Até o FHC, que era muito resistente, teve ali o seu momento de verdade e falou que não dá mais, tem que chamar o povo pra decidir."

    O petista afirmou ainda que o governo Temer não tem base de legitimidade e que tem dúvidas "sobre alguém sem voto conduzir a saída da crise", rechaçando também a tese de eleições indiretas.

    Segundo ele, o PT não considera a possibilidade de Lula não ser candidato por eventual condenação na Lava Jato.

    RETROCESSO

    Na avaliação de Haddad, houve um desencontro entre a Constituição de 1988 e os governos de Collor e FHC, o que volta a ocorrer agora.

    "O avanço que tivemos, que para alguns já foi tímido, está em risco. Há uma contradição entre a ordem do dia no Congresso e o pacto de 1988", disse.

    O petista afirmou ainda que é preciso atualizar a legislação, como a trabalhista, mas com diálogo com trabalhadores. Sobre a reforma da Previdência, Haddad disse que "faz o ajuste fiscal recair sobre os mais pobres".

    Para Haddad, o momento histórico é delicado e exige união da esquerda. "Se a gente se fragmentar enquanto o lado de lá está unido em uma agenda regressiva, vamos nos arrebentar."

    EDUCAÇÃO

    A respeito da educação, Haddad afirmou que a ampliação do acesso à universidade dos últimos dez anos ainda não se reverteu em produção acadêmica.

    Ele cobrou ainda a participação institucional das universidades no debate público da crise atual. "Não vejo tantos docentes presentes como nos anos 1980. O corpo docente tem que estar mobilizado", disse.

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