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    Defesa de Temer diz que Joesley é 'criminoso notório de maior sucesso'

    GUSTAVO URIBE
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    19/06/2017 16h09

    Danilo Verpa/Folhapress
    O empresário e delator Joesley Batista, dono da JBS
    O empresário e delator Joesley Batista, dono da JBS

    O presidente Michel Temer processou nesta segunda-feira (19) o empresário Joesley Batista, da JBS, por danos morais e crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria.

    No processo, a defesa do peemedebista afirma que o executivo é "o criminoso notório de maior sucesso na história brasileira" e faz críticas aos benefícios obtidos por ele em acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público.

    "[Joesley] Conseguiu enriquecer com práticas pelas quais não responderá e mantém hoje seu patrimônio no exterior com o aval da Justiça. Imputa a outros os seus próprios crimes e preserva seus reais sócios", criticou.

    Segundo o advogado Renato Oliveira Ramos, que assina as ações civil e penal contra o empresário, o real objetivo de Joesley foi "obter o perdão dos inúmeros crimes que cometeu, por meio de um generoso acordo de delação premiada que o mantenha livre de qualquer acusações, vivendo fora do país com um substancial (e suspeito) patrimônio".

    Temer decidiu processar Joesley neste fim de semana, após o sócio do grupo J&F afirmar que o peemedebista lidera a "maior organização criminosa do país". No sábado (17), o presidente divulgou uma nota em que diz que o governo "não será impedido de apurar" supostos crimes praticados por Joesley.

    A defesa afirmou ainda que as acusações são baseadas em "gravação clandestina e direcionada" e que o executivo passou, de uma hora para outra, a "incorporar papel de um empresário sério e indignado com a corrupção", apesar de desconsiderar "que foi a corrupção que o tornou um grande empresário".

    "Somente agora, quando seus crimes estavam sendo investigados e a sua prisão era iminente, que o querelado [executivo] passou desesperadamente a acusar algumas autoridades do país, inclusive o presidente, em busca única e exclusivamente de um tipo de salvo-conduto", disse.

    Ela acusa ainda Joesley de ter protegido aqueles que foram os seus "reais parceiros de sua trajetória de pilhagens", em uma referências aos governos petistas. E diz que Joesley tenta amenizar com a entrevista as críticas feitas pela opinião pública ao acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público.

    Segundo o advogado, o empresário demonstrou em entrevista "nítida vontade" de difamar o presidente, "menosprezando-o perante o público". "[São] informações falsas, criadas com o único e exclusivo propósito de abalar a credibilidade do presidente", disse.

    A defesa protocolou duas ações, uma civil e uma penal, em Brasília. Ela pretende indicar uma instituição de caridade para doar o valor da indenização caso vença os processos judiciais. Por enquanto, a defesa do presidente não vai pedir um valor de indenização, mas caso o juiz indique que pode especificar um montante, os advogados indicarão a mesma quantia em uma emenda ao processo.

    Segundo a Folha apurou, Temer acredita que o Ministério Público Federal vai utilizar as novas declarações do empresário para "reconstruir" a base da denúncia que deve ser apresentada contra o presidente nos próximos dias.

    O peemedebista é investigado por corrupção, obstrução de justiça e formação de organização criminosa. Joesley afirma que Temer sabia e deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde o ano passado, para que ele não os delatasse.

    Na nota, Temer acusa Joesley de "desfiar mentiras em série", proteger "estrategicamente" o PT e critica a impunidade conferida ao empresário, em uma referência indireta à PGR (Procuradoria-Geral da República) e seu comandante, Rodrigo Janot.

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