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    Lava Jato

    Joesley diz à PF que Temer 'pressionou' BNDES para favorecer JBS

    CAMILA MATTOSO
    REYNALDO TUROLLO JR.
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    20/06/2017 19h19 - Atualizado às 21h12

    Danilo Verpa/Folhapress
    Joesley Batista, da empresa JBS: empresa acertou acordo de leniência e ações subiram 8,5%
    Joesley Batista, delator e um dos donos da JBS

    Em depoimento à Polícia Federal na última sexta (16), Joesley Batista, delator e um dos donos da JBS, afirmou que soube por Geddel Vieira Lima que o presidente Michel Temer "pressionou" a ex-presidente do BNDES Maria Silvia para favorecer o frigorífico.

    De acordo com o empresário, o presidente teria chamado Maria Silvia em seu gabinete para pedir que ela não vetasse uma reestruturação societária da JBS no exterior.

    A data do encontro não foi informada no depoimento prestado à PF. Joesley também não informa qual foi o final da história, se a empresa teve, afinal, o pleito atendido pelo BNDES. O teor do depoimento foi divulgado nesta terça pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    O BNDES barrou a reestruturação –ou seja, a então presidente do banco não teria atendido o desejo da empresa de Joesley.

    Maria Silvia pediu demissão do comando do BNDES no dia 26 de maio, menos de dez dias depois de a delação dos executivos da JBS se tornar conhecida.

    "O depoente [Joesley] se recorda que estava com uma demanda junto ao BNDES para não vetar a reestruturação societária da JBS SA no exterior. Que Geddel Vieira Lima disse que precisaria contar com o apoio de Eliseu Padilha, razão pela qual o depoente organizou um jantar em sua casa para tratar do assunto", diz trecho da transcrição do depoimento de Joesley feita pela PF.

    "Que o depoente [Joesley] soube, por Geddel que o Presidente Michel Temer teria chamado a presidente do BNDES Maria Silvia Bastos Marques em seu gabinete em Brasília para pressioná-la no sentido de atender ao pleito do depoente. Que esse assunto foi inclusive narrado no dia 7 de março e consta nos autos em que o presidente confirma que viajou ao Rio de Janeiro para tentar interceder em favor do declarante", afirma o relato do delator da JBS.

    O dia 7 de março, mencionado no depoimento, foi quando Joesley foi no Palácio do Jaburu e gravou o presidente Temer sem que ele soubesse.

    O BNDES foi citado na conversa, mas sem detalhes.

    Em nota, o banco estatal informou que a ex-presidente Maria Silvia participou de reunião, no dia 24 de outubro de 2016, com o presidente Michel Temer, acompanhada pelos diretores jurídico e de mercado de capitais do BNDES, sobre a operação de internacionalização da JBS e o direito de veto da BNDESPAR. "O presidente somente ouviu informações sobre as razões que levaram o Banco a vetar a operação, não tendo solicitado que a diretoria alterasse a sua decisão."

    De acordo com a agenda pública divulgada pelo BNDES, a reunião no dia 24 ocorreu durante o evento Rio Oil & Gas, no Riocentro.

    Colaborou Mariana Carneiro

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