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    Em busca de 'Edgar', PF ouve empresário do setor imobiliário

    CAMILA MATTOSO
    REYNALDO TUROLLO JR.
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    21/06/2017 20h35

    À procura de um "Edgar" citado por Rodrigo Loures (PMDB-PR), ex-deputado federal e ex-assessor do presidente Michel Temer, em conversa gravada, a Polícia Federal tomou o depoimento do empresário Edgar Rafael Safdie, 49. Ele negou qualquer envolvimento com o caso.

    Identificar quem é "Edgar" é relevante para a investigação porque, numa conversa gravada em uma cafeteria de São Paulo, Rodrigo Loures disse ao executivo da J&F, holding do grupo JBS, Ricardo Saud, que essa pessoa poderia participar do plano de receber uma mala de R$ 500 mil entregue pela JBS como propina. O dinheiro acabou sendo recebido pelo próprio Loures, mas a PF quer saber quem é a pessoa citada por Loures, que assim o descreveu, na conversa com Saud: "O Edgar fica aqui em São Paulo, é ele que faz a gerência das coisas".

    Loures diz a Saud, na conversa, que antes de dar sequência ao recebimento do dinheiro precisava falar com "Edgar". Uma das 82 perguntas encaminhadas pela PF a Temer no mesmo inquérito indagou se o presidente conhecia alguém chamado "Edgar". O presidente se recusou a responder todas as dúvidas.

    Conforme documentos tornados públicos nesta terça-feira (20), a PF identificou duas pessoas com o nome de "Edgar" na lista de contatos de um telefone celular de Loures. A investigação fechou o foco em Edgar Safdie porque, na conversa com Saud, Loures mencionou que ele vivia em São Paulo –o segundo "Edgar", ao que tudo indica, vive no Paraná.

    Segundo a PF, foram identificados 33 registros de ligações ou tentativas de ligação, em especial no ano de 2013, entre Loures e Safdie. Os registros tiveram que ser recuperados da memória do aparelho porque haviam sido apagados. Também foram localizadas algumas mensagens trocadas entre os dois. Em 2013, por exemplo, Loures escreveu para Safdie: "Foi boa a conversa. Abrimos algumas frentes Interessantes". Não há clareza sobre o que significam essas "frentes".

    Segundo a pesquisa da PF, Safdie é dono de uma série de empresas, muitas vinculadas ao setor imobiliário, como a Latour Capital Real Estate Participações e a Latour Capital do Brasil.

    A PF resolveu ouvir Safdie, o que ocorreu no último dia 14 de junho na Superintendência do órgão em São Paulo. Safdie disse à PF que conhece Loures "há 32 anos, desde a época da faculdade (FGV)", que "sempre manteve contato" e "mantém relação de amizade" com o ex-parlamentar. Porém, afirmou que nunca teve negócios, incluindo "jurídicos", com Loures, seus familiares ou amigos em comum.

    Safdie também afirmou que nunca realizou "operação financeira" para Loures ou "para outra pessoa a pedido dele" e que também "nunca falou com o presidente Michel Temer e nunca tratou de nenhum assunto relacionado ao presidente".

    O empresário disse que fez apenas uma doação eleitoral, em 2006, no valor de R$ 100 mil, para a campanha de Loures a deputado federal pelo Paraná.

    Safdie afirmou nunca ter sido preso ou processado na vida e deduziu que possa ter ocorrido algum mal entendido. "[Safdie] está muito surpreso de ter sido intimado para prestar esclarecimentos, na medida em que, primeiro, acredita que o nome Edgar citado nas gravações que vieram a público não seja o seu, mas de algum homônimo. Segundo, em suas relações pessoais, com exceção de Loures, nunca teve contato, direta ou indiretamente, com políticos ou partidos políticos", afirmou Safdie, segundo o termo de depoimento assinado pelo empresário.

    O empresário reconheceu que não conhece nenhuma outra pessoa chamada "Edgar" que seja do círculo de relações de Rodrigo Loures.

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