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    Lava Jato

    Deputados que vão analisar caso de Temer são alvos de delatores

    DANIEL CARVALHO
    DE BRASÍLIA

    25/06/2017 02h00

    Eduardo Anizelli - 23.mai.2017/Folhapress
    Deputados em sessão da CCJ da Câmara
    Deputados em sessão da CCJ da Câmara

    Parte dos deputados que vão julgar a procedência da denúncia que a PGR (Procuradoria-Geral da República) deve apresentar nos próximos dias sobre o presidente Michel Temer já foi no mínimo citada em planilhas de pagamentos ou nas delações da Odebrecht e da JBS.

    Tanto planilhas quanto delatores relacionaram políticos ao esquema de corrupção investigado pela Lava Jato.

    Um quinto dos 66 titulares da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara foi ao menos mencionado nessas delações ou nas planilhas de propina. Dos 14 congressistas do colegiado que aparecem nesse contexto, dois tiveram seus casos arquivados: Esperidião Amin (PP-SC) e Paulo Maluf (PP-SP).

    O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) é um dos cotados para assumir a relatoria da denúncia contra Temer. Ele aparece na delação de Ricardo Saud, diretor da JBS, como destinatário de um pagamento de R$ 200 mil em espécie na disputa eleitoral de 2014.

    Além disso, teve parte de sua campanha daquele ano financiada por Michel Temer.

    Moreira negou irregularidade e argumentou, via sua assessoria, que "não recebeu recurso da JBS" e que o delator reiterou "não se tratar de propina" o valor que diz ter sido passado ao peemedebista.

    Ele, no entanto, não foi o único integrante da CCJ a receber recursos de Temer. A campanha do atual presidente doou R$ 100 mil ao líder da maioria na Câmara, Lelo Coimbra (PMDB-ES), e outros R$ 100 mil a Jones Martins (PMDB-RS), que passou a ser cotado para a relatoria.

    Como pessoa física, Temer doou também, em 2014, R$ 50 mil para seu fiel defensor Darcísio Perondi (PMDB-RS).

    INVESTIGADOS

    Constam como investigados a partir das delações da Odebrecht os deputados Daniel Vilela (PMDB-GO), José Carlos Aleluia (DEM-BA), Marco Maia (PT-RS), Maria do Rosário (PT-RS), Jutahy Júnior (PSDB-BA) e Betinho Gomes (PSDB-PE). Todos negaram irregularidades quando as delações vieram a público.

    Os demais deputados foram citados, mas não são investigados ou ainda aguardam manifestação da PGR.

    O Planalto quer celeridade à tramitação da denúncia para que seja votada em plenário antes do recesso parlamentar, que inicia em 18 de julho.

    O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não descarta a suspensão das férias para que a questão seja logo resolvida. Para suspender o recesso, a saída mais fácil é protelar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, já que os deputados não podem sair de férias sem aprová-la. A tramitação do texto está atrasada e deve se prolongar para além de 18 de julho.

    O trâmite da denúncia tem início na CCJ, colegiado em que o governo tem maioria. A comissão conta com um prazo de até 15 sessões: dez para defesa do presidente e cinco para apresentar do parecer.

    A ideia do governo é usar só três sessões para a defesa, pressionando o relator a agilizar a conclusão do parecer.

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