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    Lava Jato

    Com denúncia, Temer faz reunião para traçar estratégia de reação

    GUSTAVO URIBE
    MARINA DIAS
    BRUNO BOGHOSSIAN
    DE BRASÍLIA

    26/06/2017 21h13 - Atualizado às 23h05

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    O presidente Michel Temer durante cerimônia de apresentação de Cartas Credenciais ao Presidente da República, em Brasília
    O presidente Michel Temer (PMDB)

    Com a apresentação da denúncia contra ele pela PGR (Procuradoria-Geral da República), o presidente Michel Temer promoveu reunião no início da noite desta segunda-feira (26), no Palácio do Planalto, para traçar a estratégia de reação tanto política como jurídica.

    No gabinete presidencial, o peemedebista reuniu ministros, como Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União), e líderes da base aliada, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o deputado federal André Moura (PSC-SE).

    A avaliação foi de que, apesar de o conteúdo da denúncia ter sido dentro do esperado, ela deprecia a imagem do presidente. Para o Palácio do Planalto, agora, é preciso avaliar o impacto dela junto à opinião pública e como ela será assimilada pela população em geral.

    Para evitar que haja contaminação política com o tema, o presidente ordenou que a resposta para a denúncia seja dada pela sua equipe de advogados, não pela equipe ministerial.

    Segundo a Folha apurou, um dos pontos que será contestado pela defesa do presidente é o de associá-lo diretamente à mala de R$ 500 mil recebida da JBS pelo ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures. Nas palavras de um assessor presidencial, não há como provar que o presidente seria o beneficiário do montante.

    O presidente acredita que, caso consiga barrar a denúncia no Congresso Nacional, terá condições de sobreviver à atual crise política.

    Para ele, caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decida desmembrar a denúncia e apresentá-la a conta gotas, ficará claro que ele tem atuado de maneira parcial na tentativa de apenas desgastar a imagem do presidente.

    A ideia do presidente é tentar barrar já na primeira quinzena de julho denúncia contra ele. Além de abreviar prazos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o Palácio do Planalto pretende garantir a nomeação de um relator próximo à gestão peemedebista e um placar folgado já na comissão parlamentar pela recusa da denúncia.

    A ideia é que o presidente utilize apenas três de dez sessões a que tem direito para apresentar a sua defesa, pressionando o relator a apresentar sua conclusão em também três sessões, e não em cinco previstas.

    O Palácio do Planalto trabalha para que o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), indique para a relatoria um parlamentar peemedebista gaúcho: Alceu Moreira ou Jones Martins. Os dois tiveram parte de suas campanhas eleitorais em 2014 financiadas por Michel Temer, como mostrou a Folha.

    Além disso, a gestão peemedebista defende substituições entre titulares e suplentes na CCJ para garantir a presença de parlamentares combativos que defendam insistentemente o presidente em discursos e discussões.

    *

    A ACUSAÇÃO DE JANOT

    O que diz o procurador-geral em 60 páginas de denúncia contra Temer

    O que diz Janot:

    - Temer foi o destinatário real da propina de R$ 500 mil paga em uma mala pela JBS ao ex-assessor Rodrigo Rocha Loures

    - O presidente também aceitou uma promessa de R$ 38 milhões de vantagem indevida a ser pago em parcelas semanais

    - Em troca, Rocha Loures ajudaria a solucionar uma demanda de interesse da empresa no Cade

    - PGR diz haver "provas abundantes": entre elas, a delação de sete executivos da JBS, o áudio gravado por Joesley no Palácio do Jaburu, a indicação de Loures para resolver qualquer pendência e a filmagem de Loures correndo com a mala de R$ 500 mil

    - Procurador utiliza perícia da PF que atesta que não houve nenhuma edição nos áudios

    - Temer se contradisse em duas ocasiões: ao explicar o motivo pelo qual recebeu Joesley e a razão para ter viajado em 2011 no jatinho do empresário

    O que a PGR pede:

    - Condenação por corrupção passiva

    - Perda da função pública ou mandato eletivo

    - Indenização aos cofres públicos de ao menos R$ 10 milhões por Temer e R$ 2 milhões por Loures

    O caminho da denúncia

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