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    Lava Jato

    Defesa de Temer critica perícia e diz que gravação 'transpira irregularidade'

    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    27/06/2017 20h43 - Atualizado às 21h36

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    O perito Ricardo Molina durante coletiva de imprensa realizada no Brasil 21, em Brasília (DF)
    O perito Ricardo Molina durante coletiva de imprensa realizada no Brasil 21, em Brasília (DF)

    O perito Ricardo Molina, contratado pelo presidente Michel Temer, criticou nesta segunda (27) a perícia da Polícia Federal sobre a gravação feita pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS.

    Segundo Molina, ao menos cerca de 23% do áudio se perdeu, o que, segundo ele, torna o material "imprestável" como prova.

    A PF concluiu na última sexta (23) que não houve "qualquer forma de adulteração" na gravação.

    "Cerca de 23% da conversação se perdeu. É óbvio que isso prejudica o entendimento. Não importa o motivo, se foi porque um ET passou ou por qualquer outro motivo. Em qualquer processo essa gravação seria considerada imprestável", disse o perito, que deu entrevista ao lado de Gustavo Guedes, um dos advogados do presidente.

    "Essa gravação transpira irregularidade. Não precisava nem fazer perícia", acrescentou.

    A conta do perito é com base na análise da PF. Ele diz que conversa entre Temer e Joesley dura cerca de 26 minutos, sendo que seis deles são perdidos por interrupções - o que significa 23% em relação ao todo.

    Molina afirmou que para a defesa do presidente não importa se as interrupções encontradas na perícia são propositais ou não, mas sim que elas atrapalham o entendimento do diálogo no Palácio do Jaburu.

    "Aceitar isso é aceitar um contrato todo rasgado. É imprestável. Não me importa como foi rasgado".

    A gravação foi feita por Joesley no dia 7 de março e usada para a assinatura de um acordo de delação premiada de executivos da JBS com o Ministério Público.

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a Polícia Federal utilizam o áudio como uma das provas para acusar Temer de ter cometido crimes.

    Na interpretação dos investigadores, o presidente dá anuência ao ouvir do empresário que Eduardo Cunha e seu operador Lucio Funaro estavam sendo pagos para ficarem em silêncio - e, assim, não selarem um acordo de delação.

    Nesse trecho específico do diálogo, Molina aponta a existência de cinco pontos de "descontinuidade".

    Para o perito de Temer, a perícia da polícia não é "conclusiva" nem "categórica" sobre a existência de manipulação.

    Além de ter analisado o áudio, a PF também verificou os gravadores entregues por Joesley.

    Molina disse ainda que o laudo não apresentou certeza de que os aparelhos periciados foram os mesmos utilizados pelo empresário.

    O perito questionou também o fato de a polícia não ter respondido alguns dos quesitos apresentados por ele no inquérito –15 de 27 perguntas não foram respondidas, segundo a defesa de Temer.

    PRESSA

    O advogado Gustavo Guedes afirmou que a conclusão do inquérito sobre o presidente Temer foi "açodada" e desrespeitou ritos.

    "Quanto mais rapidamente se pretende uma investigação, sem cumprir os ritos o resultado é esse, menos prova e mais ilação", disse.

    A defesa disse que ainda vai avaliar o que fazer sobre a perícia, mas afirmou cogitar enviar novas perguntas para a PF.

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