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    Temer quer esperar denúncia na Câmara para nomear procurador-geral

    MARINA DIAS
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    28/06/2017 18h36

    Pedro Ladeira - 20.mai.2017/Folhapress
    O presidente Michel Temer, em pronunciamento em Brasília
    O presidente Michel Temer, em pronunciamento em Brasília

    O presidente Michel Temer decidiu esperar a apreciação da denúncia contra ele pela Câmara dos Deputados antes de escolher o substituto do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cujo mandato termina em setembro.

    Temer sabe que a nomeação do novo chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República), responsável por apresentar denúncias contra ele, é fundamental para sua manutenção no cargo, mas foi aconselhado por auxiliares próximos a não tomar nenhuma atitude que pareça "açodamento".

    Segundo a Folha apurou, o presidente quer ganhar tempo para avaliar a fundo o perfil dos postulantes ao posto e entender qual será o procedimento da Câmara diante das denúncias. Isso porque, além da acusação de corrupção passiva apresentada pela PGR na segunda-feira (25), Temer deve ser alvo de outras duas denúncias, por obstrução de justiça e formação de organização criminosa.

    A expectativa no Palácio do Planalto, portanto, é que essas peças sejam apreciadas juntas na Câmara para evitar, nas palavras de um assessor presidencial, o "desgaste fatiado" de Temer.

    Em reunião com líderes da base aliada nesta quarta-feira (28), o presidente defendeu a tese de que todas as denúncias devem ser analisadas ao mesmo tempo.

    "O ideal é que votemos em conjunto, isso é por óbvio, até porque o inquérito trata das três coisas [corrupção passiva, obstrução de justiça, formação de organização criminosa]", disse o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), após o encontro com Temer.

    Para se livrar da denúncia, o presidente precisa que 172 deputados não compareçam ou votem contra a aceitação do processo e, para isso, apostará na tese de que está sendo perseguido por Janot, em busca do espírito de corpo dos parlamentares, muitos deles investigados.

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, decidiu que vai enviar a denúncia contra Temer diretamente para a Câmara. O ministro entendeu, como queria o Planalto, que a defesa política do presidente tem que ser feita no parlamento e a jurídica, no STF, caso o Judiciário tenha autorização para analisar o caso.

    LISTA

    Hoje a tendência é que Temer se atenha à lista tríplice –composta por Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglio– para fazer a nomeação para o cargo de novo PGR.

    Na avaliação de aliados, o presidente só poderia nomear alguém de fora da lista caso ganhasse musculatura política capaz de suportar o desgaste que a quebra de tradição geraria.

    Desde a noite de terça (26), quando a ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República) divulgou a lista tríplice, o peemedebista conversou com assessores sobre a indicação. Imediatamente, descartou o primeiro colocado, Dino, por ser aliado a Janot e irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino, de oposição ao governo. Raquel é o nome que ganhou mais força junto ao presidente.

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