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    Governo quer trocar comando de Furnas para atender presidente da CCJ

    BRUNO BOGHOSSIAN
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    30/06/2017 10h04

    Pedro Ladeira - 20.mai.2017/Folhapress
    O presidente Michel Temer, em pronunciamento em Brasília
    O presidente Michel Temer, denunciado por corrupção passiva pela PGR

    O Palácio do Planalto estuda substituir o presidente de Furnas para atender a um pedido do presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) –responsável por escolher o relator e por comandar a primeira etapa do processo de votação da denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer.

    O deputado e a bancada do PMDB de Minas reivindicam, há cerca de dois meses, a saída do atual presidente da estatal, Ricardo Medeiros. Ele foi indicado pelo próprio partido para o cargo no ano passado, mas perdeu apoio dos parlamentares.

    Pacheco e seus aliados pediram ao governo a nomeação para a presidência da estatal do atual diretor de Administração, Júlio Cesar Andrade. Ele chegou ao posto por indicação do senador Romário (Podemos-RJ), mas foi apadrinhado pelo PMDB mineiro.

    A substituição pode ser discutida em reunião do conselho de administração de Furnas nesta sexta-feira (30). Segundo auxiliares de Michel Temer, a troca tem o sinal verde do Palácio do Planalto, mas há resistências dentro da estatal e na própria bancada de Minas.

    O pedido de nomeação de um novo presidente chegou ao governo antes da revelação das acusações de corrupção feitas por executivos da JBS contra Temer –portanto, antes que o Planalto soubesse que precisaria do apoio de Pacheco para derrubar uma denúncia contra o presidente na Câmara.

    A reivindicação ficou parada no Ministério de Minas e Energia porque Temer e seus auxiliares acreditavam que a bancada do PMDB estava rachada e não havia consenso em torno da nomeação de Júlio Cesar Andrade. Segundo o Planalto, era Pacheco quem fazia campanha por esse nome.

    O governo só voltou a analisar o caso porque tenta melhorar sua relação com Pacheco, que tem dado declarações públicas de que não aceitará interferências na condução do processo de denúncia.

    Pacheco afirmou à Folha que a indicação de um novo presidente foi formalizada "há meses" por toda a bancada mineira e disse que uma eventual mudança na estatal não vai interferir "um milímetro" na postura que ele tem adotado à frente da CCJ e na tramitação da denúncia contra Temer.

    Ele reforçou que pretende indicar para a relatoria desse processo um deputado de perfil independente e que não aceitará interferência do Planalto.

    Pacheco já apontou que não deve unificar as várias denúncias que devem ser apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente, como quer o governo. Ele aponta que cada acusação formal deve ser votada separadamente, o que causaria desgaste a Temer.

    O presidente da CCJ tem demonstrado resistência em escolher um nome defendido pelo Planalto para relatar a denúncia. O governo tem preferência pelos deputados Alceu Moreira e Jones Martins, ambos do PMDB do Rio Grande do Sul, ou Laerte Bessa (PR-DF).

    Nos bastidores, peemedebistas têm relatado pressão da cúpula do PMDB e do governo sobre Pacheco, inclusive com ameaças de expulsá-lo do partido se ele não indicar um desses três nomes para a relatoria.

    Apesar de também ser do PMDB, Pacheco quer disputar o governo de Minas em 2018 e foi preterido pelo Planalto na escolha do ministro da Justiça no início de março.

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