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    Não vemos pressão assim desde Nixon, diz editor do 'Post' sobre Trump

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    01/07/2017 17h38

    Zanone Fraissat/Folhapress
    SÃO PAULO/SP-BRASIL, 01/07/2017 -Palestra da Abraji com o Martin baron do washington Post (esq) com mediacao de rosenthal Calmon alves (dir) Foto: Zanone Fraissat - Folhapress / PODER)***EXCLUSIVO***
    Palestra da Abraji com o jornalista Martin Baron, do "Washington Post"

    Para o editor-executivo do "Washington Post", Martin Baron, desde o governo de Richard Nixon a imprensa americana e o "WP" em especial não enfrentavam tanta "pressão" por parte de um presidente.

    "Donald Trump usa linguagem até mais pesada do que Nixon", afirmou o jornalista, em entrevista pública no encerramento do congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), neste sábado (1º), em São Paulo. O editor-executivo coordenou a equipe Spotlight, a mesma do filme vencedor do Oscar de 2016.

    Entre as expressões usadas de Trump, ele citou "a forma mais baixa da humanidade" e depois "a forma mais baixa de vida", ou seja: "Ele tenta nos desumanizar".

    Lembrou que, em seu primeiro dia no cargo, o presidente americano afirmou estar "em guerra com a mídia", o que ele questiona, da parte do jornal. "Nós não estamos em guerra. Estamos trabalhando."

    A função da imprensa, sublinhou, já estava presente quando foi escrita a Primeira Emenda à Constituição americana, que proíbe restrições à liberdade de expressão. "Eles queriam que nós cobrássemos responsabilidade do governo."

    Baron alertou para não cair na armadilha de Trump, que quer tornar a imprensa o "partido de oposição". Segundo ele, "ser independente não é ser oposição".

    Questionado sobre paralelos com a situação política no Brasil, o editor do "WP" sublinhou desconhecer, mas afirmou que "certamente envolve mais políticos do que Watergate", referindo-se à cobertura do "WP" que levou à queda de Nixon.

    JEFF BEZOS

    Sobre o impacto da aquisição do jornal em 2013 por Jeff Bezos, fundador e presidente da Amazon, afirmou que não se restringe aos investimentos financeiros.

    "Nós estamos nos transformando numa empresa de tecnologia", diz Baron. "Tecnologia é hoje incrivelmente importante para o nosso setor [jornalismo]. E agora nós somos vendedores de tecnologia para outras empresas de mídia."

    Segundo ele, a Redação cresceu em 160 jornalistas desde a chegada de Bezos, para pouco mais de 700. Também foram contratados mais de cem engenheiros, que ajudaram a publicação a crescer na internet.

    O "WP" tem hoje perto de 80 milhões de visitantes únicos mensais, cerca de 10 milhões abaixo do "New York Times". No final da campanha presidencial, em outubro de 2016, chegou a passar o principal concorrente.

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