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    Lava Jato

    Padilha se cala ao ser questionado pela Polícia Federal

    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    03/07/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 25-05-2017, 09h40: O Ministro Chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, com o Presidente Michel Temer, durante reuniao com o Presidente da CBIC- Camara Brasileira da Industria da Construcao e grupo de empresarios, no Palacio do Planalto, em Brasilia. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER)
    O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, com o presidente Michel Temer, em maio

    A Polícia Federal perguntou ao ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) se foi Michel Temer quem pediu R$ 10 milhões para a Odebrecht, em 2014, em um jantar no Palácio do Jaburu.

    O episódio, relatado em delação por executivos da empreiteira, está sendo investigado desde abril, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou dezenas de inquéritos sobre políticos.

    À PF, porém, Padilha se calou. Os delegados elaboraram 14 perguntas ao ministro.

    Temer não é investigado pelo Supremo neste caso, já que a PGR (Procuradoria-Geral da República) entende que há "imunidade temporária" para o presidente em atos estranhos ao exercício de suas funções.

    Segundo os delatores, o jantar aconteceu em maio de 2014 e o dinheiro foi solicitado para campanhas do PMDB. Padilha é apontado como o intermediário.

    Há uma divergência, porém, na versão dos executivos da empreiteira sobre a presença de Temer no momento do acerto. Marcelo Odebrecht afirmou aos procuradores que o presidente se levantou da mesa na hora em que o valor foi firmado.

    Já Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, disse que Temer acompanhou a negociação.

    Ambos concordam, entretanto, que o presidente tinha conhecimento.

    "Confirma que nessa reunião foi reafirmado um pedido de Michel Temer para Marcelo Odebrecht relacionado a R$ 10 milhões para a campanha do PMDB?", foi uma das perguntas da PF.

    De acordo com a PGR, o episódio tem de ser investigado pela possibilidade de que o dinheiro possa ter sido doado em propina, com contrapartidas oferecidas mais tarde pelo governo.

    No pedido de abertura de inquérito, a PGR indicou uma série de medidas a serem cumpridas.

    A PF, no entanto, disse que não foi possível realizar todas no tempo determinado (30 dias) e pediu mais 90 dias.

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se manifestou para aumentar o prazo, mas só por mais 30 dias. O ministro Edson Fachin, relator no STF, ainda não decidiu sobre o tema.

    De acordo com delatores, uma parcela dos R$ 10 milhões foi entregue em um escritório de Padilha no Rio Grande do Sul a uma pessoa chamada Luciano Pavão e outra, no escritório do ex-assessor de Temer José Yunes, a uma pessoa de nome Cida.

    No início do ano, quando as revelações se tornaram públicas, o Palácio do Planalto soltou uma nota confirmando que o presidente havia feito um pedido para a Odebrecht, mas que "não autorizou nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da lei eleitoral".

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