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    Lava Jato

    Temer faz maratona de encontros para tentar barrar denúncia

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    05/07/2017 02h00

    Marcos Correa/PR
    (Brasília - DF, 04/07/2017) Presidente da Republica Michel Temer durante audiencia Deputado Evandro Gussi (PV/SP). Foto: Marcos Correa/PR ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O presidente Michel Temer durante audiência com deputados

    Poucas vezes o terceiro andar do Palácio do Planalto assistiu a um entra e sai como o desta terça-feira (4).

    Com uma agenda de encontros que teve início às 8h11 e se estendeu por 15 horas, o presidente Michel Temer recebeu 30 deputados federais, a maior parte em encontros isolados, em uma maratona para tentar barrar na Câmara a denúncia que ameaça lhe retirar o cargo.

    Políticos de A a Z da base governista viram de uma hora para outra as portas do palácio se abrirem.

    Entre eles o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PP-SP), condenado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal por lavagem de dinheiro, e o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo do presidente e preso na segunda-feira (3) pela Polícia Federal.

    A bateria de encontros desta terça, que será repetida nesta quarta (5), incluiu em sua maioria deputados que não declaram abertamente apoio ao peemedebista.

    E foi precedida por nova reunião, na véspera, com o ministro Gilmar Mendes, do STF, tribunal que analisará se abre ou não processo contra Temer caso a Câmara aprove a autorização para isso. O compromisso não foi registrado nas agendas oficiais de Temer e Gilmar.

    Também na segunda, o peemedebista recebeu o ex-presidente nacional do PR Valdemar Costa Neto, condenado no escândalo do mensalão.

    Nas conversas com os parlamentares, o presidente adotou postura de cautela para tratar da denúncia, segundo relatos. Ele anotou as demandas e só abordou o tema quando o interlocutor fez referência a ele.

    A ideia é que, posteriormente, ministros do núcleo político busquem os indecisos para pedir que, caso não queiram se prejudicar junto a suas bases eleitorais diante da pressão para aceitar a denúncia, ao menos se ausentem da votação em plenário, o que beneficia o presidente.

    BRECHA

    Nos encontros, quando encontrou brecha para tratar do assunto, o presidente chamou a denúncia de "inepta", atacou o que classificou de uma tentativa de "politização do assunto" e disse que há muitos parlamentares que sabem que as acusações não são procedentes.

    "Eu falei que ele tem sofrido uma injustiça e que estou do lado dele. Não posso acreditar nessa forçada de barra feita para envolvê-lo", disse Antonio Goulart (PSD-SP), um dos recebidos pelo presidente.

    Com Christiane Yared (PR-PR), que já se posicionou publicamente favorável ao prosseguimento da denúncia, Temer evitou o assunto. "Eu já declarei o meu voto. Ele foi extremamente educado e gentil e não tocou no tema", disse.

    Desde segunda-feira, o presidente recebeu seis titulares da CCJ: Ronaldo Fonseca (Pros-DF), Evandro Gussi (PV-SP), Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), Luiz Fernando Faria (PP-MG), Paulo Maluf (PP-SP) e André Moura (PSC-SE). Entre eles, apenas o último disse à Folha ser contrário à denúncia.

    Dos 30 deputados governistas recebidos no Planalto, 18 disseram ao jornal não saber ou não responderam como votarão. A denúncia começou a tramitar na CCJ, que produzirá parecer favorável ou contrário. Segundo cálculo feito pelo governo, o peemedebista só tem garantidos 30 de 66 votos, menos do que o necessário para garantir vitória.

    A meta do presidente é conseguir pelo menos 42 votos, oito a mais do que o mínimo necessário. Assim, teria uma margem de segurança caso ocorram traições de última hora na base aliada.

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