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    Lava Jato

    Em meio à crise, governo decide agir na comunicação

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    06/07/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 27-06-2017, 15h30: O Presidente Michel Temer, faz discurso acompanhado de Deputados Federais, no Palacio do Planalto, em Brasilia. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer em discurso no Palácio do Planalto

    Alvo de denúncia de acusação de corrupção passiva, o presidente Michel Temer pretende reforçar a equipe de comunicação do Palácio do Planalto para tratar de gerenciamento de crise, atendimento a veículos de imprensa e aprimoramento de medidas governamentais.

    A ideia em discussão é remanejar para a Presidência da República contratos em vigor que foram vencidos por meio de licitação por empresas de comunicação para atender a pastas da Esplanada dos Ministérios.

    A estratégia é montar uma espécie de gabinete publicitário para melhorar a imagem do governo, que, segundo a última pesquisa Datafolha, detém aprovação de só 7%.

    Nesta quarta-feira (5), a realocação dos contratos foi tratada em reunião, no Planalto, entre assessores presidenciais e representantes do Grupo Inpress, da CDN Comunicação e da FSB Comunicação, detentoras de contratos na Esplanada.

    A última atende à JBS, do empresário Joesley Batista, que acusou o presidente de liderar a "maior organização criminosa do país" e cuja delação premiada baseia parte da denúncia e do inquérito contra ele no Supremo Tribunal Federal. Ela atende atualmente pastas como Saúde, Esporte e Defesa.

    As empresas que farão esse serviço no Planalto e os valores gastos ainda não foram definidos. Segundo o Planalto, o serviço será temporário e feito enquanto é viabilizada uma nova licitação.

    A assessoria da Presidência nega que o uso de verba de ministérios para serviço no Planalto sem uma concorrência pública seja uma prática ilegal, mesmo que essas empresas tenham vencido licitações para atender a funções e serviços específicos em outras áreas do governo.

    De acordo com o Planalto, o mesmo modelo foi utilizado durante a Olimpíada e a Paraolimpíada, em 2016, quando empresas de publicidade atuaram em conjunto para atender a veículos de imprensa internacionais.

    Na época, a empresa CDN realizou treinamento com ministros para eles lidarem com a imprensa, o chamado "media training". O treinamento foi direcionado a auxiliares presidenciais da linha de frente dos eventos mundiais, como os chefes da Casa Civil, Justiça, Cultura e Esportes.

    O reforço ocorre no momento em que o presidente encontra dificuldades para conseguir o apoio de uma maioria simples na Comissão de Constituição e Justiça para barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o acusa de corrupção.

    Caso a denúncia seja apoiada em plenário por 342 dos 513 deputados, o Supremo é autorizado a analisar a acusação contra o presidente. Se o tribunal abrir a ação, Temer é afastado por até 180 dias.

    A comunicação é considerada uma área sensível do governo peemedebista desde que o presidente assumiu o Palácio do Planalto, em maio do ano passado.

    Para tentar melhorá-la, Temer recriou o cargo de porta-voz e abriu processo de licitação para empresas de publicidade no valor anual de R$ 208 milhões, que pode ser renovado por até cinco anos.

    A iniciativa foi a maior feita pela Secretaria de Comunicação Social na gestão peemedebista.

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