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    PMDB de Minas pressiona para saída de Perrella do partido

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    07/07/2017 14h23

    Sergio Lima - 3.dez.2013/Folhapress
    Senador Zezé Perrella (PMDB-MG)
    Senador Zezé Perrella (PMDB-MG)

    Em reunião da executiva do PMDB de Minas Gerais nesta sexta-feira (7), os membros do partido demonstraram insatisfação com a vinda do senador Zezé Perrella para a sigla em janeiro deste ano.

    "Não vejo condições políticas do senador ficar numa legenda que sempre fez oposição ao que ele defende", disse Sávio Souza Cruz, secretário-geral do PMDB no Estado e secretário de Saúde de Minas.

    "O senador tem uma tradição de política sempre na trincheira oposta ao PMDB e as ligações pessoais e políticas dele são exatamente aquilo que o PMDB combate em Minas", completou, referindo-se à oposição do partido ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

    Aécio e Perrella são aliados e amigos —ambos foram implicados em suspeita de recebimento de propina da JBS. Então assessor de Perrella, Mendherson Souza Lima recebeu parte do dinheiro pago pela empresa ao primo de Aécio, Frederico Pacheco.

    "Foi uma filiação estranha", afirmou o deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG). Segundo Lopes, Perrella relatou ter sido convidado a entrar no PMDB por Aécio, que o levou ao presidente Michel Temer (PMDB) e ao senador Romero Jucá (PMDB).

    Sobre Aécio, Sávio disse estranhar que "essa figura abjeta, de que Minas começa a ficar livre, ainda se dar ao direito de dar pitaco numa legenda alheia".

    Também presentes na reunião, o deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) e o deputado estadual Vanderlei Miranda disseram ter conversado com Perrella e que sua vinda foi proposta para ampliar a sustentação do governo Temer no Senado.

    Segundo os deputados, a articulação passou pelos senadores Jucá e Renan Calheiros (PMDB). Com Perrella, o partido teria mais espaço na mesa diretora e em comissões na Casa.

    CARTA

    A regularidade da filiação de Perrella ao PMDB era uma das pautas da reunião da executiva estadual do partido.

    Uma regra da executiva diz que filiações de políticos com mandato devem ser previamente aprovadas pelo colegiado. Perrella, então no PDT, assumiu a cadeira no Senado com a morte de Itamar Franco, de quem era suplente, em 2011.

    O presidente do PMDB de Minas e vice-governador, Antônio Andrade, no entanto, esclareceu que a determinação não vale para cargos maioritários, como o de senador.

    O fato de a filiação de Perrella ter sido declarada formalmente regular encerrou a pauta, mas não aplacou a insatisfação dos peemedebistas mineiros.

    "O que ficou demonstrado é a absoluta falta de condições políticas de convívio com o senador dentro de um partido que não o reconhece como membro. Se ele optar por sua permanência, vai ter muitos problemas", disse Sávio.

    O deputado estadual Douglas Melo chegou a propor uma carta "sugerindo a ele que gentilmente que saia, já que não há clima para ele estar aqui". A ideia foi aplaudida, mas rechaçada por Andrade.

    "Eu não vou assinar", disse Andrade, antes de encerrar a reunião sem colocar a proposta em votação.

    A expulsão de Perrella não estava em discussão e, segundo os presentes, a executiva estadual não tem poder para tanto. Uma eventual candidatura do senador pelo PMDB, porém, dificilmente passará pela convenção do partido em Minas.

    Procurada pela Folha, a assessoria do senador Perrella afirmou que ele não vai comentar as declarações dos peemedebistas.

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