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    Lava Jato

    Base de Temer promove 14 trocas para tentar se salvar na CCJ

    DANIEL CARVALHO
    ANGELA BOLDRINI
    LUIZA FRANCO
    DE BRASÍLIA
    BERNARDO MELLO FRANCO
    COLUNISTA DA FOLHA

    10/07/2017 17h45

    Pedro Ladeira - 17.jun.2015/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 17-06-2015, 12h00: Comissão especial da Maioridade Penal aprova o relatório do dep. Laerte Bessa (PR-DF), que reduz a maioridade penal para 16 anos. O dep. André Moura (PSC-SE) presidiu os trabalhos. Um grupo de estudantes da UNE e da UBES fizeram protesto do lado de fora da sala de comissão com cartazes, gritos e apitos, mas não houve confusão com a segurança nem com os parlamentares. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Deputado federal Laerte Bessa (PR-DF), que foi oficializado na comissão

    Na tentativa de evitar uma derrota para Michel Temer logo na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, a base governista trocou nos últimos dias nada menos que 14 dos membros do colegiado (que tem 66 titulares e 66 suplentes) que avalia a denúncia de corrupção passiva que pesa sobre o presidente da República.

    As últimas mudanças da segunda-feira (10) foram feitas tão em cima da hora que só houve tempo para registrá-las à mão na listagem oficial.

    Foi à caneta que o PR oficializou os nomes de Bilac Pinto (MG), Laerte Bessa (DF), Magda Mofatto (GO) e Milton Monti (SP) no lugar dos deputados Delegado Waldir (GO), Jorginho Mello (SC), Marcelo Delaroli (RJ) e Paulo Freire (SP).

    O deputado Delegado Waldir revoltou-se e disparou contra o partido, contra o governo e contra o próprio Michel Temer. Sacado da comissão que integrava há dois anos, gritava chamando o partido de "vendido" e "cambada de bandido".

    "Este governo é bandido, é covarde", bradou. "Cambada de bandido! Está tudo grudado no saco do governo! Quem manda é o Temer, esse bandido! É um lixo de governo! Quadrilha organizada!", vociferou.

    "Esta estratégia do governo de fazer com que parlamentares rastejem por sua permanência nesta comissão em troca de emendas e cargos vai ser vista pelo eleitor. Fui tirado de forma humilhante. Queria dizer que a organização criminosa que está no Planalto não vai se sustentar, vai cair."

    O deputado Major Olímpio (SP) que já havia reclamado no final de junho por ter sido tratado como "corno", o "último a saber", quando removido do posto de titular da CCJ por sua legenda, o Solidariedade, deu apoio ao colega deputado.

    "É a primeira vez que temos um presidente criminoso para ser apreciado", afirmou Olímpio, bradando que os postos na CCJ foram "comercializados criminosamente".

    "É uma vergonha para esta Casa", afirmou.

    Foi vaiado pelos governistas.

    "Quem está vaiando está recebendo para vaiar, tem carguinho para vaiar", rebateu.

    Pelos cálculos da oposição, antes das trocas, o governo perderia por 32 a 30. Agora, depois de todas as mudanças, os adversários do governo dizem que Temer consegue vencer por 38 a 28.

    A oposição pediu a anulação das trocas, mas o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PDMB-MG), disse que elas são permitidas pelo regimento.

    As manobras na CCJ mostram que o governo será alvo de grande infidelidade na votação da denúncia no plenário da Casa. Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar a denúncia, é preciso nessa votação do apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados.

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