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    Presidente da comissão que analisa denúncia diz não se vingar do governo

    DANIEL CARVALHO
    ANGELA BOLDRINI
    DE BRASÍLIA

    12/07/2017 02h00

    Bernardo Jr./Câmara dos Deputad
    O deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça
    O deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça

    O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), diz que não vai escolher um deputado alinhado ao Planalto como relator de novas denúncias que podem ser apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer.

    Pacheco afirmou que, inclusive, pode escolher o próprio Sergio Zveiter (PMDB-RJ), relator que apresentou parecer a favor do seguimento da denúncia da PGR por corrupção passiva.

    *

    Folha - O governo entende que o sr. jogou contra ao escolher Zveiter como relator. Como vê essa crítica?
    Rodrigo Pacheco - Com naturalidade. É um equívoco do governo se assim pensar, porque há deputados flagrantemente favoráveis ao governo, mas há deputados flagrantemente contra. Escolhi alguém isento, cujo conteúdo do parecer eu sequer conhecia.

    O sr. teme reação do Planalto?
    Não temo reação alguma porque tenho consciência de que faço a coisa certa na condução da comissão.

    Existe a expectativa de que a PGR apresente outras denúncias. O sr. deve indicar o mesmo relator?
    Essa decisão deve impor primeiro que essa realidade ocorra. Caso seja oferecida uma segunda denúncia, nós vamos avaliar o conteúdo e decidir um nome com o perfil parecido com o deputado Sergio Zveiter ou o próprio deputado Sergio Zveiter.

    O sr. não descarta o nome dele para relatar outras denúncias?
    Não descarto o nome do deputado Sergio Zveiter para ser relator de novas denúncias.

    O sr. falou em se abster de votar por ser o presidente da CCJ, mas deixou em aberto esta possibilidade. O que o levaria a votar?
    Cogito me abster apenas para garantir a absoluta isenção na condução da CCJ.

    No plenário também?
    Não. No plenário, minha atuação não é mais como presidente da CCJ, é como um dos 513 deputados. Mas é uma questão que ainda vou refletir. Mas, neste caso, já acho que a tendência não é me abster no plenário.

    Mesmo com a possibilidade de chegar outra denúncia?
    Não gosto de me abster. Mas, para que não haja dúvida na condução de uma eventual segunda denúncia, talvez seja recomendável que haja abstenção.

    O sr. chegou a ser cogitado para assumir o Ministério da Justiça. Ficou alguma mágoa com o governo em relação a este episódio?
    Não há qualquer mágoa. Este episódio não é revelador de nada, não me move em nenhuma monta. Até porque votei e continuei votando com o governo depois da escolha do ministro da Justiça.

    Não se pode interpretar isso como uma vingança?
    Não se pode interpretar isso como uma vingança, porque não é uma vingança. O que não significa que eu aplauda o governo em todas as posturas dele.

    Com essas movimentações todas que estão acontecendo na CCJ, o resultado já está dado?
    Não sei dizer qual vai ser o resultado na Comissão de Constituição e Justiça. Essas movimentações constituem um excesso de zelo do governo e ajudam o governo no resultado da CCJ. Estas substituições não contam com minha anuência, com meu apoio. Contam, de certo modo, com minha reprovação sob o ponto de vista ético. Mas eu nada posso fazer.

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