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    Lava Jato

    'Justiça nunca pode ser tomada como vingança', diz Marina sobre sentença de Lula

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    12/07/2017 18h40

    Danilo Verpa - 23.nov.2015/Folhapress
    SAO PAULO - SP- 23.11. 2015 - Marina Silva. Debate sobre economia de carbono e discussao sobre como criar impostos nesse setor, realizado no Insper.. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, MERCADO) Trax ID: 10047746A Caption Writer: 1547 ORG XMIT: ECONOMIA DE CARBONO
    Marina Silva em debate sobre economia de carbono, em 2015

    "A Justiça nunca pode ser tomada como ato de vingança", diz Marina Silva (Rede-AC) no dia em que seu ex-chefe Lula, de quem foi ministra do Meio Ambiente, foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz Sergio Moro.

    Para a duas vezes presidenciável e pré-candidata ao Palácio do Planalto em 2018, não faz sentido falar numa operação disposta a ser algoz do petismo, dirigida por uma visão parcial de Moro. A Lava Jato, afinal, atingiu lideranças de várias legendas.

    "Os três grandes partidos que contribuíram para a democracia [PT, PSDB e PMDB] estão igualmente comprometidos, isso é muito triste", diz a ex-senadora. A sentença de Moro tem o efeito colateral positivo de mostrar que "ninguém está acima da lei", segundo Marina.

    "Agora não só os cidadãos comuns estão, digamos assim, acostumados a responder diante da Justiça. Temos empresários, lideranças de grandes partidos, Dilma, Lula, Aécio, o ex-presidente da Câmara [Eduardo Cunha], os atuais [presidentes do Congresso, Rodrigo Maia na Câmara e Eunício Oliveira no Senado] também estão sendo investigados..."

    Para Marina, é importante "contextualizar" a situação pela qual o Brasil passa. Nesse sentido, a condenação de Lula faz parte de um grande novelo.

    "Temos o presidente atual [Michel Temer] que também está sofrendo uma denúncia inédita [primeiro mandatário acusado de corrupção no exercício do cargo], e antes uma presidente que, depois de sofrer um impeachment, só não foi cassada [pelo Tribunal Superior Eleitoral, no julgamente da chapa Dilma-Temer] por causa de uma decisão que deixou a sociedade estarrecida."

    "Ninguém pode dizer que fica feliz com uma coisa dessas. Gostaria que tivesse sido tudo diferente", diz.

    Pesquisa realizada pelo Datafolha em junho, sobre a disputa presidencial de 2018, aponta que Lula (PT) mantém a liderança, com até 30% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PSC), 16%, e Marina, 15%.

    Derrotada nas duas últimas disputas, Marina lidera nos cenários que excluem Lula, com até 27% entre todos os ouvidos.

    Questionada sobre o fortalecimento de Bolsonaro nas pesquisas, a ex-ministra afirma que vê o avanço de discursos extremistas como "um grande desafio".

    "Após uma grande decepção, causada por aqueles que fizeram grandes promessas, [é fundamental] que as pessoas possam compreender que não deve haver qualquer espaço para fragilizar o avanço da democracia, o respeito aos direitos humanos, [não pode ter] a política feita não com base no ódio."

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