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    ANÁLISE

    Gangorra política propicia fôlego de curto prazo para Temer

    LEANDRO COLON
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    13/07/2017 02h00 - Atualizado às 13h03

    Eduardo Anizelli - 27.jun.2017/Folhapress
    O presidente Michel Temer viu o noticiário desviar o foco de sua denúncia para a condenação de Lula
    O presidente Michel Temer viu o noticiário desviar o foco de sua denúncia para a condenação de Lula

    A crise política em Brasília tem sido uma "gangorra" diária. O vento sopra a cada dia para um lado diferente e uma análise que tente antecipar fatos pode ter alguma lógica momentânea, mas jamais uma certeza de longo prazo.

    Mesmo assim, o presidente Michel Temer, com exigida cautela, pode celebrar um pouco as últimas 48 horas:

    1. Numa espécie de tapetão dentro das regras, ele trocou membros da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara para formar maioria contra o parecer favorável à denúncia da Procuradoria-Geral da República.

    2. Quatro partidos da base fecharam questão para que os seus 185 deputados votem a favor do presidente (se não seguirem a recomendação, podem ser punidos).

    3. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pisou no freio depois de, embalado por um grupo de deputados, se empolgar nos bastidores com a possibilidade de substituir Temer em eventual derrota no plenário.

    4. Uma decisão de um desembargador concedeu prisão domiciliar a Geddel Vieira Lima, ex-ministro e amigo de Temer, preso na Papuda, em Brasília, desde o dia 3 de julho.

    5. O juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, dividindo novamente as atenções da mídia e do mundo político entre Brasília e Curitiba.

    6. Por causa da condenação de Lula, o mercado retornou ao patamar de antes da delação de Joesley Batista.

    Não deveria haver, no entanto, nenhuma razão para euforia no Palácio do Planalto. Pelos seguintes motivos:

    1. A provável postergação para agosto da votação da denúncia no plenário da Câmara mantém a agonia de um governo fraco e pendurado na vontade dos deputados.

    2. Espera-se até lá uma nova denúncia da Procuradoria contra o presidente, desta vez por obstrução de Justiça e com expectativa de um conteúdo forte.

    3. Os deputados dos partidos que obrigam o voto pró-Temer podem tentar ignorar a recomendação, o que enfraquecerá a base, expondo as fragilidades do Palácio do Planalto.

    Ninguém é capaz de prever o que vai ocorrer nas próximas três semanas.

    Se Temer respirou ontem, nada garante que assim estará amanhã.

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