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    Lava Jato

    Temer bate recorde de manobras e vira alvo de xingamentos na CCJ

    CAMILA MATTOSO
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    14/07/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 13-07-2017, 18h00: Deputados governistas comemoram a rejeição da aceitação da denúncia contra Temer. Apesar da derrota do relatório, a matéria ainda vai ao plenário da câmara. Reunião da CCJ, que analisa a autorização do prosseguimento da denúncia contra o presidente MIichel Temer, no STF. O relator da matéria, deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) e o advogado do presidente, Antônio Cláudio Mariz, fizeram suas considerações finais e a votação deve ocorrer ainda na tarde de hoje. O deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) preside a comissão. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Deputados governistas comemoram a rejeição da aceitação da denúncia contra Temer.

    "Bandido", "lixo de governo", "quadrilha", "covarde", "criminosos", "vergonha".

    Esses e outros impropérios ecoaram pelos microfones e autofalantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados nas últimas sessões.

    O alvo era o presidente Michel Temer e a operação comandada por sua base de apoio no Congresso, que promoveu um entra e sai de deputados raras vezes visto nas últimas décadas.

    Ao todo, foram 25 movimentações, a segunda maior dos últimos 20 anos –a comissão tem 66 titulares e 66 suplentes.

    Se o ânimo da defesa do presidente ia mal até o fim de semana, depois da última segunda-feira (10), com a intensificação do troca-troca, o clima virou para comemoração antecipada.

    E o objetivo foi cumprido. Por 40 votos a 25, a CCJ rejeitou o relatório de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que era favorável a aceitação da denúncia do Ministério Público contra o presidente –houve uma abstenção.

    Dos votos que ajudaram Temer, 12 foram novatos colocados na comissão pelos partidos governistas no decorrer da operação "salva-mandato".

    Entre eles, Carlos Marun (PMDB-MS), Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Beto Mansur (PRB-SP), o trio que mais se reveza na tarefa de se esgoelar na tribuna e em entrevistas na defesa do presidente da República.

    O deputado Major Olímpio (SP) foi o primeiro a perder o lugar na comissão e esbravejou.

    Ele reclamou por ter sido tratado como "corno" e o "último a saber" e por ter sido removido ao posto de suplente por sua legenda, o Solidariedade, sem ter sido avisado.

    Os partidos são os donos das cadeiras e podem mexer a gosto.

    MARATONA DE MANOBRAS - Temer patrocina dois dos maiores troca-trocas de deputados na CCJ para ganhar votos

    O deputado Delegado Waldir (PR-GO) revoltou-se e disparou contra o partido, contra o governo e contra o próprio presidente –ele integrava a CCJ havia dois anos.

    "Este governo é bandido, é covarde", bradou. "Cambada de bandido! Está tudo grudado no saco do governo! Quem manda é o Temer, esse bandido! É um lixo de governo! Quadrilha organizada!", afirmou Waldir.

    De acordo com as regras da Casa, ainda que o parlamentar queira ficar, a legenda tem a permissão de sacá-lo, indicando outro ao seu lugar.

    A oposição tentou frear a manobra recorrendo ao Supremo Tribunal Federal, mas a ministra Cármen Lúcia, presidente da corte, entendeu que o tema só diz respeito ao Congresso.

    Perguntado se foi o responsável por orientar as trocas e se prometeu algo aos deputados em troca da votação, Temer disse, por meio de sua assessoria de imprensa, apenas que "esse procedimento é atribuição exclusiva dos líderes partidários e que só eles podem responder pelas trocas feitas segundo o regimento da Câmara".

    RANKING

    Segundo levantamento feito pela Secretaria da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o maior recorde de troca-troca na CCJ dos últimos 20 anos aconteceu também na gestão de Temer.

    No fim do ano passado, os partidos fizeram 34 substituições quando a comissão precisava aprovar a reforma da Previdência, defendida pelo governo.

    Na gestão do atual presidente há ainda outra marca, a quinta do ranking, em junho de 2016, quando a base aliada tentava barrar o processo de cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    O levantamento considera os últimos seis mandatos presidenciais –de 1995, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), até 2017.

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