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    Para frear Maia, Temer convida deputados do PSB para o PMDB

    DANIEL CARVALHO
    GUSTAVO URIBE
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    18/07/2017 11h09 - Atualizado às 16h31

    Eduardo Anizelli - 27.jun.2017/Folhapress
    O presidente Michel Temer
    O presidente Michel Temer

    Em menos de 24 horas, o presidente Michel Temer conseguiu se indispor com dois partidos que, ao menos parcialmente, apoiam seu governo. Nesta terça-feira (18), primeiro dia do recesso parlamentar, ele abriu uma crise com DEM e PSB, mal-estar que tentou resolver até a noite, em um jantar na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

    A confusão começou com uma visita de Temer à líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), para convidar os governistas da legenda a ingressar no PMDB.

    Foi uma tentativa de conter o avanço de Maia —seu sucessor caso seja afastado do cargo por conta da denúncia de corrupção passiva— sobre os parlamentares insatisfeitos com o comando do PSB. Maia quer conquistar estes deputados para engordar a bancada seu partido, o DEM.

    Desde que a cúpula do PSB decidiu punir os parlamentares que votassem a favor das reformas trabalhista e da Previdência, praticamente metade dos 36 deputados da legenda se rebelou e manteve-se na base governista.

    É justamente sobre este grupo que Maia tem avançado. O presidente da Câmara articula uma migração para turbinar seu partido, hoje com apenas 29 deputados. A meta é chegar a 50 e tomar o lugar do PSDB como a terceira maior bancada.

    "O presidente saiu dos seus afazeres presidenciais para fazer articulações políticas, o que mostra que a preocupação dele não é com os problemas do país, mas em salvar a própria pele", afirmou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para quem Michel Temer "não agiu como presidente, mas como chefe de partido".

    Após a confusão, Temer cancelou viagem que faria nesta quarta (19) a Pernambuco, principal reduto eleitoral do PSB. A versão do Planalto é de que o peemedebista postergou a visita para o dia 25 por uma questão logística.

    O episódio piorou a relação de Temer com o governador Paulo Câmara, do PSB. Em Pernambuco, o presidente é criticado por, na avaliação de aliados de Câmara, não ter cumprido promessas de envio de recursos federais.

    PANOS QUENTES

    Diante da repercussão negativa, Temer passou o dia tentando contornar a situação. Conversou com o ministro do DEM, Mendonça Filho (Educação), e, em jantar com Maia, negou que tenha tentado vetar o ingresso de dissidentes no DEM e disse que quem está conversando com o PSB, é o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR).

    O parlamentar de Roraima disse que sua sigla "não está atuando para barrar nenhuma filiação ao DEM, até porque o DEM é aliado de primeira hora". "Desminto tentativa de intriga", afirmou Jucá.

    Mas a líder do PSB teve outro entendimento do que disse Temer na cerca de uma hora em que ele esteve no apartamento dela. A visita só apareceu na agenda oficial do presidente depois de descoberta pela imprensa.

    "Estamos sendo assediados por alguns partidos. Ele [Temer] falou com a gente sobre a possibilidade do PMDB. [Perguntou] se já tínhamos pensado nisso", disse Tereza Cristina à Folha.

    Ela disse que Jucá já havia procurado os insatisfeitos do PSB e que Temer quis sondar como andavam as conversas para que o grupo de 6 a 15 insatisfeitos deixasse o PSB. Tereza afirmou que o presidente pediu que os deputados conversassem sobre a possibilidade de ingressar no PMDB.

    "O presidente reforçou as conversas que já vinham acontecendo. Disse que ficaria muito feliz se pudéssemos ir também [para o PMDB]", disse a líder.

    Integrantes do PSB dizem estar sendo cortejados também por PSD, PR e PRB.

    A intenção dos que querem mudar de partido é esperar pela janela partidária, em março do ano que vem, para um movimento unificado. Uma antecipação dessa janela, no entanto, está em discussão para que, até o final do ano, se tenha uma ideia do tamanho real de cada legenda para o cálculo do fundo partidário de 2018, ano de eleições.

    Questionado se havia se irritado com a movimentação de Temer, Maia disse antes do jantar: "De jeito nenhum. Está tudo tranquilo". Na chegada do presidente à casa do presidente da Câmara, não havia ninguém esperando Temer à porta. No momento em que o peemedebista fez o gesto de abri-la, a porta foi aberta pelo lado de dentro.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Caça ao PSB

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