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    Moro nega pedidos de defesa e compara Lula a Cunha

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    18/07/2017 12h36 - Atualizado às 18h11

    Danilo Verpa/Folhapress
    SAO PAULO - SP - 04.10.2016 - O juiz Sergio Moro, durante 5 Forum Nacional dos Juizes Criminais, realizado no hotel Renaissance, em Sao Paulo. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, PODER) ORG XMIT: SERGIO MORO
    O juiz federal Sergio Moro, em evento em São Paulo

    Em decisão que responde ao primeiro recurso do ex-presidente Lula na ação que o condenou por corrupção, o juiz Sergio Moro negou, nesta terça-feira (18), todos os pedidos da defesa e ainda comparou o petista ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Moro voltou a refutar a tese de que Lula nunca foi o proprietário de fato do tríplex no Guarujá (SP).

    O magistrado comparou o caso do petista ao de Cunha –pois "ele [Cunha] também afirmava, como álibi, que não era o titular das contas no exterior que haviam recebido depósitos de vantagem indevida".

    "Em casos de lavagem, o que importa é a realidade dos fatos segundo as provas, e não a mera aparência", escreveu.

    Segundo o juiz, que negou omissão, obscuridade ou contradição na sentença, as questões trazidas pelos advogados "não são próprias de embargos de declaração".

    Pedro Ladeira - 1º.jun.2017/Folhapress
    O ex-presidente Lula, em evento do PT, em Brasília, em junho
    O ex-presidente Lula, em evento do PT, em Brasília, em junho

    O depoimento do executivo Leo Pinheiro, da OAS, contestado pela defesa, foi considerado por Moro "consistente com as provas documentais do processo", ao contrário dos álibis do ex-presidente, segundo o juiz.

    Pinheiro afirmou que a compra e reforma do apartamento para Lula foram deduzidas de uma "conta-corrente de propinas" que a OAS mantinha com o PT –o que, para a defesa, é uma tese "fantasiosa".

    Moro ainda escreveu que as declarações das testemunhas de defesa, que falaram sobre o aparato anticorrupção construído durante o governo do petista, "não excluem a constatação de que o ex-presidente foi beneficiado materialmente em um acerto de corrupção".

    O despacho também esclareceu que a indenização de R$ 16 milhões, arbitrada pelo juiz na sentença, serão destinados à Petrobras, para reparação dos danos do crime.

    O juiz, por fim, abriu prazo de oito dias para que o Ministério Público Federal apresente as razões de apelação da sentença. A defesa de Lula também deverá apelar.

    O caso ainda será julgado pelo TRF (Tribunal Regional Federal) em Porto Alegre.

    OUTRO LADO

    Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins afirmou que a decisão de Moro "reforça a condenação arbitrária" de Lula.

    O defensor diz que o juiz "forçou sua atuação" no caso, ao associar as supostas vantagens indevidas ao esquema da Petrobras, e que demonstra mais uma vez "animosidade" no julgamento do petista.

    Para ele, é "descabida" a comparação do ex-presidente com Eduardo Cunha, o que demonstraria "a falta de critérios objetivos" do juiz.

    Zanin afirmou que irá recorrer da decisão.

    O QUE AINDA PESA
    Outras acusações contra o petista

    AÇÕES PENAIS

    JUL.2016
    Onde: Ação corre no DF
    Caso: Lula virou réu pela 1ª vez acusado de tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras
    Acusação: Obstrução de justiça
    O que diz a defesa: Lula nunca interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato

    OUT.2016
    Onde: Operação Janus
    Caso: Teria agido para favorecer a Odebrecht em contratos em Angola financiados pelo BNDES
    Acusações: Corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa
    O que diz a defesa: Lula não tratou, nem quando era presidente nem depois, dessas relações comerciais

    DEZ.2016
    Onde: Operação Zelotes
    Caso: Lula integraria um esquema para beneficiar as empresas MMC, Caoa e SAAB. Um filho dele teria recebido em troca R$ 2,5 milhões
    Acusações: Lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa
    O que diz a defesa: Nem o ex-presidente nem seu filho participaram de atos ligados a essas empresas

    DEZ.2016
    Onde: Ação sob responsabilidade de Moro
    Caso: Ele teria recebido propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para nova sede do Instituto Lula e um apartamento
    Acusação: corrupção passiva
    O que diz a defesa: Lula alugava o apartamento. Seu instituto funciona em outro local há anos

    MAI.2017
    Onde: Lava Jato
    Caso: Relacionadas ao sítio de Atibaia (SP), reformado por Odebrecht e OAS. Acusação ainda não foi apreciada por Moro
    Acusações: Corrupção passiva e lavagem de dinheiro
    O que diz a defesa: Denúncia é perseguição política; não há provas de que o sítio seja de Lula

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