• Poder

    Thursday, 25-Apr-2024 21:37:10 -03

    Empresário diz que caixa 2 pagou contas do PT, mas isenta Haddad

    FLÁVIO FERREIRA
    DE SÃO PAULO

    19/07/2017 02h00

    Fabio Braga-25.set.2016/Folhapress
    Sao Paulo, SP,Brasil- 25.set.2016 - Lula faz caminhada de campanha junto com Haddad no Jardim da Conquista, Sao Mateus, na zona leste. Foto: Fabio Braga/Folhapress COD 3517
    Haddad durante campanha eleitoral no Jardim da Conquista, em São Mateus

    O empresário e ex-deputado estadual petista Francisco Carlos de Souza reconheceu em depoimento à Polícia Federal que recebeu recursos em caixa dois da empreiteira UTC como pagamento de serviços prestados a candidatos do PT nas eleições de 2012.

    Porém, Souza negou que tais valores serviram para quitar dívida de campanha do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).

    Dois delatores da Operação Lava Jato, o sócio da UTC Ricardo Pessoa e o ex-diretor financeiro da construtora Walmir Pinheiro disseram anteriormente que o dinheiro havia sido pedido pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para pagar despesas eleitorais de Haddad.

    O montante seria descontado do total de propinas reservado pela empresa ao partido, segundo os delatores.

    Souza, também conhecido como "Chico Gordo" ou Chicão", testemunhou no dia 5 de junho, quatro dias após a PF deflagrar a operação "Cifra Oculta", que investiga a suposta ligação da campanha de Haddad com o dinheiro repassado pela empreiteira.

    O ex-deputado do PT disse que na eleição de 2012 era dono da gráfica LWC e após o pleito o diretório estadual do partido tinha uma dívida de cerca de R$ 3 milhões com sua a gráfica.

    Segundo o depoente, esse valor era devido pela prestação de serviços a candidatos a vereador e prefeito em cidades pequenas, e a contratação dos trabalhos foi feita pelo então presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva.

    No dia do testemunho à PF, Souza disse não ter condições de indicar os políticos por ele atendidos, mas seu advogado se comprometeu a apresentar a lista posteriormente.

    O ex-deputado relatou que, ao tentar receber seu crédito, foi orientado por Vaccari a procurar Pinheiro, o então diretor financeiro da UTC.

    Eles teriam então feito um acerto para o repasse de R$ 2,6 milhões, que foram pagos parte em dinheiro e parte em espécie, com a intermediação do doleiro Alberto Youssef, também delator da Lava Jato.

    Porém, de acordo com o empresário, as transferências não tiveram vinculação com a campanha de Haddad.

    Ele disse que sua gráfica prestou serviços no valor de R$ 300 mil em favor da candidatura do ex-prefeito, mas esse montante foi declarado na prestação de contas oficial.

    O site da Justiça Eleitoral registra que a campanha de Haddad pagou R$ 354 mil à gráfica de Souza em 2012.

    Por meio de sua assessoria, Haddad afirma que "nunca fez nenhum sentido, e não era crível, que uma empreiteira assumidamente corrupta que teve todos os seus interesses (notadamente os da construção do túnel da avenida Roberto Marinho) contrariados, tivesse agido da forma alardeada em sua delação".

    "Embora tardiamente depois de evidentes prejuízos à imagem do ex-prefeito, o depoimento do empresário Francisco de Souza resgata a verdade", completa Haddad.

    Edinho Silva, que atualmente é prefeito de Araraquara (SP), afirma "desconhecer dívidas do PT de São Paulo relacionadas à campanha de 2012" bem como as contratações citadas por Souza.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024