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    Janot diz que se decepcionou com o ritmo das investigações

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    19/07/2017 18h15

    Igo Estrela/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 03-05-2017, 14h00: Sessão no plenário do STF Supremo Tribunal Federal, Procurador geral Rodrigo Janot, em Brasília DF (Foto: Igo Estrela/Folhapress)
    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em Brasília

    Durante um evento em Washington, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quarta-feira (19) que uma de suas decepções nos quase quatro anos de mandato à frente do Ministério Público é que as investigações da Lava Jato avançaram de forma mais lenta do que ele gostaria.

    "A velocidade das investigações não foi aquela que eu gostaria que tivesse sido para a gente ver resultados mais concretos, mais palpáveis, de forma mais rápida", afirmou Janot, durante palestra no think tank Atlantic Council, na capital americana.

    O procurador-geral, que deixa o posto em setembro, diz não ver "espaço para retrocesso" com a sua sucessão. Para substituí-lo, o presidente Michel Temer indicou a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, que era tida como a candidata de oposição a Janot.

    "Não vejo espaço para qualquer tipo de mudança na atuação do Ministério Público. Por mais divergência que tenhamos sobre uma questão ou outra, a matriz de pensamento é a mesma", disse. "Podem mudar os métodos, é normal. Pode mudar a equipe. Agora não vejo espaço para retrocesso."

    Em outro momento, ao falar aos jornalistas sobre o questionamento feito por Dodge sobre o valor destinado no orçamento de 2018 para a operação Lava Jato, no entanto, Janot alfinetou a sucessora.

    "[O orçamento para a Lava Jato] é prioridade da procuradoria na minha gestão. Se vai ser na dela [Dodge], não sei, mas na minha está garantido o orçamento sim", afirmou.

    Durante a exposição, Janot defendeu a Lava Jato e rebateu as críticas de que as investigações contribuíram para as crises econômica e política do país.

    "Ouvimos no nosso dia a dia que a atuação do sistema de justiça do Brasil está criminalizando a política, e isso é uma inverdade. O que fazemos é aplicar a lei penal, respeitado o amplo direito de defesa a criminosos que eventualmente venham a se esconder atrás de cargos públicos", declarou, emendando o seu já tradicional "pau que dá em Chico dá em Francisco".

    COOPERAÇÃO

    Ao lado do secretário assistente de Justiça americano para a divisão criminal, Kenneth Blanco, Janot exaltou a importância do intercâmbio entre órgãos de investigação dos países.

    "Sem a cooperação jurídica internacional seria impossível chegarmos até aqui", disse. "Esses atos de corrupção não atingem um país individualmente. Ou os países se reúnem para somar esforços nessas investigações, de todas as maneiras, ou essas investigações não conseguirão prosseguir."

    Apesar de elogiar a possibilidade de trocar informações com outros países "independentemente de pedidos formais de obtenção de prova", ele reconheceu que é importante ter "uma formalização que permita o controle" desse intercâmbio.

    Durante sua passagem por Washington, Janot se reuniu com representantes do Departamento de Justiça e do Departamento de Estado americanos em que a cooperação em investigações foi um dos temas.

    Ele negou, contudo, que autoridades de investigação brasileiras e americanas tenham planejado gravar o presidente Temer durante uma viagem aos Estados Unidos em maio, que não ocorreu. A informação tinha sido publicada pelo "Valor" na última terça (18).

    "Não teve [essa negociação]. Eu desconheço [a informação], não sei de onde veio", disse.

    Segundo o jornal, as negociações entre os agentes dos dois países estariam em estágio "avançado", mas a ação não foi levada adiante porque Temer desistiu da viagem a Nova York.

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