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    Gesto do Temer com PSB beirou a deslealdade, diz líder do DEM

    ANGELA BOLDRINI
    DE BRASÍLIA

    23/07/2017 02h00

    Pedro Ladeira - 03.fev.2016/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 03-02-2016, 13h00: O dep. Efraim Filho (DEM-PB) preside a sessão da CPI dos fundos de pensão
    O deputado Efraim Filho (DEM-PB) preside a sessão da CPI dos Fundos de Pensão

    Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), o desafio de Michel Temer (PMDB) é manter a governabilidade após a votação da denúncia contra o presidente no plenário. "A grande expectativa é sobre o tamanho de base que sairá dessa votação, se é uma que garante governabilidade ou não", disse à Folha.

    Segundo ele, caso não se atinja essa margem, o partido pode reavaliar sua posição na base de Temer. "No momento que ela [a governabilidade] estiver ameaçada, é hora de começar a se pensar mais no Brasil que em nomes e partidos", afirmou.

    O líder da bancada também criticou o gesto do presidente de procurar nesta semana os dissidentes governistas do PSB, que articulam para se unir ao DEM. O ato gerou uma crise entre as legendas, que, diz, já foi debelada.

    *

    Folha - Por que o DEM ainda apoia o governo?

    Efraim Filho - Porque entendemos que não é a hora de fazer mudanças. Estamos tendo muita cautela para não precipitar nenhuma conduta que possa aumentar a instabilidade. Essa é uma postura do presidente [da Câmara], Rodrigo Maia, que não se moveu um milímetro do papel institucional que lhe cabe.

    Mas o DEM não vê com bons olhos a possibilidade de Maia assumir a presidência?

    Temos que pensar primeiro no Brasil, que é maior do que nomes, do que partidos. E pensar num cenário que agrave a crise não é o melhor.

    O DEM pensa na melhor forma de fazer a travessia da crise. Por enquanto entendemos que é não haver mudança de governo. Agora, não tenho dúvidas de que Maia está preparado para qualquer missão que a Constituição lhe designar, seja para agora, seja para o futuro.

    O partido se sentiu traído com a movimentação de Temer com relação aos deputados do PSB nesta semana?

    Gerou desconforto, um ruído absolutamente desnecessário nesse momento delicado. Não é a conduta que se espera de um aliado. Isso nós deixamos bem claro com o nosso posicionamento, e acreditamos que com o recuo do PMDB, arrefeceu a crise. Foi um gesto que beirou a deslealdade.

    O partido fechará questão contra a denúncia na votação do plenário?

    Não. Haverá orientação de bancada, mas divergências serão respeitadas.

    O presidente tem força para barrar a denúncia?

    Ele demonstrou que tem base para rejeitar a denúncia. A grande expectativa é sobre qual o tamanho da base que sairá dessa votação. Se é uma que dará condições de governabilidade, ou não.

    Não adianta rejeitar a denúncia com 300 votos contra o governo. Esse é o grande desafio.

    O sr. falou que o DEM permanece no governo por "estabilidade". Caso não se atinja essa margem de governabilidade, o que o partido fará?

    O DEM defenderá a manutenção da governabilidade, mas no momento que ela estiver ameaçada, é hora de começar a se pensar mais no Brasil que em nomes e partidos e aí fazer uma reavaliação.

    O presidente tem aprovação de apenas 7%, segundo levantamento do Datafolha. O DEM não teme ser contaminado por essa baixa popularidade em 2018?

    O DEM acredita que tomando-se decisões corretas, especialmente na agenda econômica, a popularidade pode mudar.

    O partido foi um dos grandes mobilizadores das manifestações contra Dilma Rousseff. Por que o sr. acha que as ruas estão caladas?

    A população já percebe que nós temos eleições já em 2018 e é melhor fazer essa travessia do que dar um salto no escuro. E demonstra a falta de capacidade [de mobilização] da esquerda, a voz deles já não representa a voz da sociedade.

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