• Poder

    Saturday, 18-May-2024 04:13:03 -03

    Fornecedora de empresa de pesca da Bahia também contratou aliados do PP

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    26/07/2017 17h00 - Atualizado às 17h35

    Adenilson Nunes/Secom/Governo da Bahia
    Terminal Pesqueiro Público de Salvador
    Terminal Pesqueiro Público de Salvador

    A relação de parentes de políticos do PP com prestadoras de serviço do governo da Bahia vai além do Instituto Cátedra, entidade sem fins lucrativos que firmou contratos de R$ 28,6 milhões com o Estado entre 2013 e 2017, como mostrou reportagem da Folha.

    O instituto é comandado por Marivaldo Xavier de Castro, líder comunitário na periferia de Salvador e candidato a vereador e deputado pelo PP em diversas eleições. Seis dos nove contratos foram firmados com a Bahia Pesca, empresa mista do governo baiano controlada por aliados do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia.

    O irmão do ex-ministro, Agnelo Mendes Negromonte, foi contratado pela Fundação ADM, que também prestou serviços de assistência técnica Rural à Bahia Pesca.

    Agnelo mora na cidade de Paulo Afonso, reduto eleitoral da família, onde é vice-presidente do diretório municipal do PP e mantém um site de notícias.

    Também foi contratada pela Fundação ADM Karine Pepe de Sousa Leão, sobrinha do vice-governador João Leão, que um ano antes prestou serviços ao Instituto Cátedra.

    O presidente da Bahia Pesca, Dernival de Oliveira Júnior, afirma que "não tem influência sobre as contratações de funcionários das empresas contratadas, fazendo gestão apenas da execução de seus contratos".

    A Fundação ADM sucedeu o Instituto Cátedra na prestação de serviços de assistência técnica rural a pescadores e firmou contrato com a Bahia Pesca no valor de R$ 30 milhões.

    Durante a execução do contrato, houve atrasos no pagamento de salários dos funcionários e foi realizada uma mediação entre a Bahia Pesca e a Fundação ADM no Ministério Público do Trabalho.

    Ambas fecharam um acordo no qual a Bahia Pesca pagaria diretamente três meses de salário dos funcionários contratados pela Fundação ADM. Em 2016, Agnelo Negromonte recebeu R$ 18 mil e Karine Leão recebeu R$ 20 mil da empresa do governo baiano.

    IRREGULARIDADES

    Assim como o Instituto Cátedra, a Fundação ADM também teve os contratos questionados pelo Tribunal de Contas do Estado.

    Auditoria realizada pelo Tribunal constatou fragilidade na fiscalização, descumprimento no plano de metas e indícios de pagamento indevido à entidade que, pelo acordado, deveria contratar 190 técnicos, mas tinha apenas 96.

    Os auditores também constataram que entre 2014 e 2015 o número de beneficiários da assistência técnica foi reduzido quase à metade, caindo de 12,5 mil para 7.000 famílias. Por outro lado, o gasto praticamente dobrou, subindo de R$ 8,8 milhões em 2014 para R$ 15 milhões em 2015.

    OUTRO LADO

    Em resposta aos questionamentos do Tribunal, a Bahia Pesca negou irregularidades e falhas na fiscalização do contrato.

    Os gestores da Fundação ADM não foram encontrados pela Folha para falar sobre o assunto.

    O presidente do Instituto Cátedra, Marivaldo Xavier, afirmou que a instituição atende às prerrogativas para atuar na área de extensão rural.

    Sobre a contratação de parentes de políticos do PP, Marivaldo afirma que o quadro de trabalhadores do instituto tem "perfil interdisciplinar" e nega influência do partido na contratação dos funcionários.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024