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    MST invade fazendas ligadas a Eike Batista em Minas

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    SÉRGIO RANGEL
    DO RIO

    26/07/2017 14h47 - Atualizado às 17h04

    Reprodução/Video - 30.abr.2017
    Eike Batista deixa penitenciária para cumprir prisão domiciliar
    Empresário Eike Batista deixa penitenciária para cumprir prisão domiciliar

    O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu nesta quarta-feira (26) fazendas ligadas ao empresário Eike Batista.

    As invasões fazem parte da Jornada por Reforma Agrária, na qual a entidade iniciou uma estratégia de ações em terras de políticos e empresários que enfrentam acusações de corrupção.

    Há ocupações de fazendas e de órgãos públicos em 12 Estados, incluindo propriedades do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer.

    Na madrugada desta quarta, famílias de sem-terra invadiram um complexo de fazendas com 700 hectares em São Joaquim de Bicas (MG) que pertence à MMX, empresa de mineração de Eike. Cerca de 200 famílias participam da ação.

    O empresário enfrenta acusações de ter pago propina ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e chegou a ficar preso por três meses no complexo penitenciário de Bangu –desde maio, cumpre prisão domiciliar.

    Segundo o MST, a fazenda "está devastada pela degradação ambiental" e as atividades da mineradora "podem acarretar numa crise do abastecimento de água" na região metropolitana de Belo Horizonte.

    Os sem-terra também invadiram, no Rio Grande do Norte, uma área do Perímetro Irrigado Santa Cruz de Apodi –projeto apoiado pelo ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB), que ocupou o cargo nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer.

    Segundo o MST, a área é palco de conflitos agrários desde 2012 –os sem-terra são contra a instalação de projetos de agronegócio na região.

    "Essa obra tem impactado diretamente a região, reconcentrando de forma autoritária e ilegal as comunidades rurais e as áreas de assentamentos, sem indenização justa, expulsando as famílias do campo para viverem nas periferias das cidades", informou o MST em nota.

    Assim como Eike, Henrique Eduardo Alves também enfrenta suspeitas de corrupção relacionadas à Operação Lava Jato. Ele cumpre prisão preventiva na penitenciária da Papuda, em Brasília, desde junho.

    Além das terras ligadas a Eike Batista e Henrique Eduardo Alves, foram invadidas nesta quarta-feira fazendas em Mato Grosso do Sul e no Paraná. Também foram invadidas as sedes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Maranhão e em Pernambuco.

    "Essas terras obtidas ou envolvidas nos esquemas de corrupção precisam ser confiscadas e destinadas a famílias sem-terra, para que elas tenham trabalho e produzam alimentos pro campo e pra cidade", informou em nota Gilmar Mauro, da direção do MST.

    REINTEGRAÇÃO

    Os cerca de 300 integrantes do MST desocuparam na tarde desta quarta (26) a fazenda de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

    Na terça (25), o cartola havia obtido na Justiça do Rio um mandado de reintegração de posse da propriedade, localizada em Piraí (distante cerca de 100 km do Rio).

    A decisão foi dada pela juíza Anna Luiza Campos Lopes Soares. No início da tarde desta quarta, o grupo realizou um assembleia, acatou a decisão judicial e decidiu deixar a fazenda.

    Teixeira é acusado na Espanha e nos EUA de participar de um esquema de corrupção na venda de direitos dos jogos da seleção e de torneios internacionais. Ele nega.

    Nesta segunda (24), a Procuradoria-Geral da República pediu a transferência para o Brasil do procedimento penal instaurado na Espanha contra o dirigente, que comandou a CBF por mais de duas décadas. Desde então, ele nunca mais deixou o Brasil temendo ser preso.

    A fazenda Santa Rosa foi o elo entre o ex-presidente da CBF e a Ailanto Marketing, investigada por superfaturar amistoso da seleção com Portugal, em novembro de 2008.

    A Ailanto pertence a Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, preso desde maio na Espanha. O cartola espanhol é acusado de lavar dinheiro, entre outros crimes, em negociações envolvendo os direitos da seleção.

    Colaborou CATIA SEABRA, de São Paulo

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