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    Lava Jato

    Preso hoje, Bendine tinha passagem para Portugal para amanhã

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    27/07/2017 10h55 - Atualizado às 21h51

    Carlos Nogueira - 16.fev.2016/A Tribuna de Santos/Folhapress
    O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, concede entrevista coletiva após participa de evento sobre o pré-sal na cidade de Santos
    O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, em entrevista à imprensa sobre o pré-sal

    O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, preso nesta quinta (27) na 42ª fase da Lava Jato, tinha uma passagem só de ida para Portugal, para a data de amanhã.

    Essa foi uma das razões que justificou o pedido de prisão, segundo o Ministério Público Federal. Bendine também tem cidadania italiana, o que aumentava a possibilidade de fuga.

    Portugal também era o destino de um dos operadores preso nesta quinta, André Gustavo Vieira da Silva —que foi preso na manhã desta quinta (27) no portão de embarque do aeroporto de Recife, quando tentava embarcar.

    O ex-presidente da Petrobras é suspeito de solicitar R$ 3 milhões em propina para executivos da Odebrecht, a fim de proteger a empreiteira em contratos da estatal.

    Segundo os delatores Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, os pagamentos foram feitos em três parcelas, em espécie, em junho e julho de 2015 —dois deles, depois da prisão de Marcelo, em junho daquele ano.

    Para os investigadores, as passagens para a Europa, somadas ao uso de aplicativos de mensagens que apagavam conversas entre os investigados (o que indica tentativa de destruição de provas), entre outros fatores, justificam o pedido de prisão.

    O juiz Sergio Moro também mencionou em despacho mensagem interceptada que sugere que Bendine estaria em busca "de um banco no exterior", o que sugere a intenção de ocultação de dinheiro.

    Bendine, André Gustavo e seu irmão, Antônio Carlos Vieira da Silva Jr, foram presos temporariamente nesta quinta (27). Antônio Carlos foi detido em Recife, ao sair para uma caminhada na praia, pela manhã.

    Os irmãos foram operadores dos pagamentos a Bendine: foram eles que receberam os R$ 3 milhões em espécie, num apartamento em São Paulo.

    Eles também firmaram um contrato de prestação de serviços de consultoria com a Odebrecht, no valor exato da propina —contrato que os investigadores consideram ser fraudulento.

    Os dois tinham negócios em Portugal. A PF ainda investiga se eles operavam para outros agentes públicos ou políticos.

    OUTRO LADO

    O advogado de Bendine, Pierpaolo Bottini, disse que a passagem de volta já estava comprada. Ele divulgou um comprovante que mostra uma compra, no início do mês, de uma passagem Lisboa-Campinas (SP) no dia 19 de agosto.

    O defensor diz que vai anexar também as reservas nos hotéis nos quais o executivo ficaria hospedado e que a prisão temporária é "desnecessária, por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a Justiça".

    Bottini disse que no início do mês o ex-presidente da estatal se colocou à disposição do Ministério Público e juntou "seus dados fiscais e bancários, abrindo mão do sigilo".

    Para a Procuradoria, mesmo havendo uma passagem de volta, a necessidade de prisão persiste.

    BENDINE NA MIRAExecutivo é suspeito de cobrar propina da Odebrecht
    Executivo é suspeito de cobrar propina da Odebrecht

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