• Poder

    Saturday, 23-Nov-2024 02:13:59 -03

    Alckmin defende prévias em dezembro e dificulta pretensões de Doria

    THAIS BILENKY
    DE SÃO PAULO

    28/07/2017 02h00

    Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress
    A uma rádio pernambucana, Alckmin lembrou fala do pai, segundo quem 'ficou rico [na política], é ladrão
    A uma rádio pernambucana, Alckmin lembrou fala do pai, segundo quem 'ficou rico [na política], é ladrão'

    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), passou a defender prévias até dezembro, mesmo que ele seja o único a pleitear a candidatura presidencial, em uma jogada que pode constranger as pretensões do prefeito paulistano João Doria (PSDB) de chegar ao Planalto.

    Se uma eventual renúncia em abril de 2018, 16 meses após a posse, já seria um "suicídio eleitoral", argumentam aliados de Alckmin, ainda no primeiro ano de mandato praticamente inviabilizaria uma candidatura do prefeito.

    Alckmin tem dito que acredita quando Doria diz que não o enfrentará em prévias, em um momento que assessores seus não escondem o incômodo com as indiretas do prefeito sobre a vontade de ocupar o Planalto.

    O governador paulista, entretanto, terá de travar uma disputa interna para viabilizar prévias, especialmente ainda em 2017, uma vez que o método sofre resistência de caciques tradicionalmente.

    Para tanto, seria estratégico alçar a presidente do PSDB o governador de Goiás, Marconi Perillo. "Pode ser em dezembro, em novembro. Eu defendo que haja prévias, tanto faz quando", afirmou.

    Perillo, porém, disse que só aceitaria a função após deixar o governo goiano e se a indicação for consensual.

    'FICOU RICO, É LADRÃO'

    Sinal de que começa a pôr a campanha na rua, Alckmin deu entrevista à rádio "Jornal de Pernambuco", iniciativa que planeja repetir nos próximos meses.

    O âncora disse que ele travava uma "disputa interna" com Doria, e o governador não rebateu. "Eu acho que quem for escolhido deve sê-lo ainda este ano, até dezembro", respondeu.

    O tucano foi mais enfático na crítica ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, potencial adversário em 2018.

    "Uma vez eu ouvi do meu pai: 'Se quiser fazer política, é dedicação, coisa séria, coragem moral e vida pessoal modesta. Ficou rico, é ladrão!'. Vou repetir. 'Ficou rico, é ladrão'", afirmou.

    O entrevistador perguntou se a aposentadoria privada de R$ 9 milhões de Lula era muito para um ex-presidente.

    "Mas é claro que é", respondeu. "Imagine se um cidadão qualquer, um trabalhador, pode ser de qualquer área, consegue acumular R$ 9 milhões só para o programa de previdência privada."

    A Justiça determinou o bloqueio dos bens de Lula, entre eles seus planos na Brasilprev, em decorrência de sua condenação no caso do tríplex no Guarujá (SP).

    Indagado sobre as acusações de delatores da Odebrecht de que usou caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014, Alckmin negou irregularidades. "Todas as minhas campanhas foram estritamente franciscanas", disse. "O [meu] patrimônio é quase nada, é o que eu herdei da família", afirmou.

    O governador paulista tampouco se furtou a criticar o governo de Michel Temer (PMDB), que tem quatro ministros do PSDB.

    "Investe muito pouco, você vê que tem obra parada por todos os lados, e ainda fica devendo R$ 139 bilhões [deficit público]", disse. "Para ficar devendo R$ 139 bilhões é que estão aumentando impostos, porque senão iria para mais de R$ 150 bilhões. Claro que não é bom, deveria ter feito antes a lição de casa, que é cortar coisas supérfluas", concluiu.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024