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    Lava Jato

    Temer espera ganhar fôlego após votação de denúncia na Câmara

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    30/07/2017 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O presidente da República, Michel Temer
    O presidente da República, Michel Temer

    Às vésperas do dia em que pela primeira vez a Câmara vai analisar uma denúncia contra um presidente da República, Michel Temer teve raro rompante raivoso.

    Diante de poucos aliados –em meio à exaustiva contagem de votos para a sessão marcada para quarta (2)– fez desabafo acalorado ao falar da delação que o alçou à condição de denunciado: "Essa gente é canalhada", disse, segundo pessoas próximas.

    Referia-se aos irmãos Joesley e Wesley Batista, cuja colaboração premiada fez com que o procurador-geral, Rodrigo Janot, apresentasse contra ele a inédita denúncia por corrupção passiva.

    Amigos garantem que é somente quando trata dos empresários ou de Janot que o presidente perde a calma que lhe é habitual.

    De resto, afirmam, tem trabalhado para garantir pelo menos 250 dos 513 votos em plenário para impedir que a denúncia contra ele chegue ao Supremo.

    O discurso de Temer, considerado otimista demais até por assessores próximos, é de que, se alcançar esse número, seu governo ganha força para votar a reforma da Previdência até o fim de agosto.

    O presidente não quer prolongar a votação. Disse a aliados acreditar que Janot já tem pronta a segunda denúncia contra ele –desta vez, por obstrução de Justiça–, o que geraria ainda mais desgaste à sua imagem.

    Além disso, sabe que as delações do ex-deputado Eduardo Cunha e de seu operador, Lúcio Funaro, prestes a serem fechadas pelos procuradores, têm potencial explosivo no Planalto.

    A vitória de Temer na votação da primeira denúncia é dada como certa pelo governo –e pela oposição–, mas o desdobramento da conta em relação à reforma leva em consideração outros fatores.

    Virada essa página, o presidente vai mirar os deputados que se posicionarem contra ele na denúncia, mas possivelmente apoiariam a reforma. É o caso de metade do PSDB (46 deputados) e de deputados considerados "avulsos" em partidos da base.

    A conta é apertada porque Temer precisa de pelo menos 308 votos para aprovar a reforma da Previdência e sabe que esse é um fator determinante para que o mercado continue apoiando seu governo.

    CORPO A CORPO

    Esse discurso é combinado com o apelo ao espírito de corpo da Câmara. Desde que foi denunciado, o presidente tem dito reservadamente que a ação da PGR é direcionada a acabar com a classe política.

    Nos três dias que antecedem a votação da denúncia, Temer vai manter as conversas com deputados.

    Uma reunião com ministros e líderes da base deve ocorrer neste domingo (30) com o objetivo de dar ao presidente um mapa de votos, mas auxiliares admitem que só na quarta será possível ter o número mais realista.

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