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    Ato contra corrupção atrai apoios a advogado que quer ser presidente

    DE SÃO PAULO

    30/07/2017 14h26

    A manifestação realizada na manhã deste domingo (30) na avenida Paulista para pedir ética na política, criticar a corrupção e defender a Operação Lava Jato se transformou em um ato de apoio ao advogado Modesto Carvalhosa, 85.

    Ele, que participou do encontro e discursou no caminhão de som, é pré-candidato de uma eventual eleição presidencial indireta, caso Michel Temer seja afastado do cargo.

    Organizado pelo Movimento Quero um Brasil Ético, que tem como principal liderança o ex-juiz Luiz Flávio Gomes, o evento teve pedidos de renovação na política e a defesa da possibilidade de candidaturas avulsas, sem vínculo com partidos, o que hoje é impedido.

    "É preciso que o povo brasileiro volte às ruas para acabar com a corrupção", disse no microfone Hélio Bicudo, cofundador do PT que em 2015 foi um dos autores do pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

    "Temer não esteve nem está à altura do cargo", prosseguiu, clamando pela admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente, seguida de convocação imediata de eleição indireta. Seu candidato é Carvalhosa.

    O nome do advogado também recebeu a aprovação nos discursos de convidados como o humorista Marcelo Madureira e o promotor Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção.

    "Estamos aqui numa demonstração de indignação da sociedade", disse Livianu. "Há uma série de ações no Congresso Nacional com objetivo de destroçar a Lava Jato. Os acertos [da operação] são infinitamente maiores do que os erros. Precisamos resistir."

    Participaram ainda o ex-juiz Márlon Reis, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, e o ex-ministro do Superior Tribunal Militar Flávio Bierrenbach.

    Coordenador do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim Kataguiri esteve na avenida, mas não falou para o grupo de pessoas que se reuniu na esquina da via com a alameda Ministro Rocha Azevedo.

    Ele foi ao local endossar o apoio às candidaturas independentes e disse concordar, com ressalvas, com as pautas do movimento.

    "Eu não defendo renovação por renovação, que não necessariamente significa uma mudança de pensamento. Defendo a partir das ideias em que eu acredito, como a bandeira do liberalismo", afirmou Kataguiri.

    "[Apoio] combate à corrupção. Ninguém é a favor, né? Não vejo muita efetividade em vociferar essa pauta. É como fazer uma manifestação pela paz mundial. É amplo, é aberto. Não tem um alvo. [Paulo] Maluf, Dilma [Rousseff], Lula são contra a corrupção."

    Para o líder do MBL, a convocação de eleição indireta para presidente é uma possibilidade difícil, embora ache que "muito provavelmente" Temer tenha cometido atos ilícitos.

    'FORA, COLLOR'

    Outra presença na Paulista foi a de Thereza Collor. Filiada ao PSDB, ela —que ficou conhecida como a "musa do impeachment" do ex-cunhado Fernando Collor de Mello da Presidência— é hoje cortejada por outros partidos para se candidatar.

    "A gente tem que apoiar a ética e a honestidade no nosso país. Eu que sei como já sofri nisso", disse à Folha.

    "Somos contra todos", afirmou Luiz Flávio Gomes, que convocou o "ato cívico", como define. "Aqui não tem PT, PSDB, PMDB. É 'fora, Collor', 'fora, Lula', 'fora, Temer'. É ladrão, não pode governar."

    Integrantes do Quero um Brasil Ético, vestindo camisetas com a expressão "#votofaxina", e pessoas com bandeiras do Brasil e usando uniforme da seleção brasileira estiveram no protesto, que durou cerca de duas horas.

    A doméstica Lúcia Melquíades, 68, desfilava uma de suas "várias" camisetas com a foto do juiz Sergio Moro, símbolo da Lava Jato.

    Ao lado da ciclovia que corta a avenida, a socióloga e funcionária pública aposentada Ezide Dalla, 62, protestava fazendo gestos obscenos em direção ao caminhão de som.

    "Estou fazendo isso porque sou voz solitária aqui", justificou ela, que disse estar de passagem pelo local.

    "É um engodo isso de querer o fim dos partidos. Tem gente boa e ruim em todos eles. Estão querendo enganar o povo aqui. Só sociedades primitivas não se organizam em partidos."

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