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    Oposição não chega a consenso sobre presença em sessão da denúncia

    DANIEL CARVALHO
    ANGELA BOLDRINI
    JOSÉ MARQUES
    DE BRASÍLIA

    01/08/2017 15h36 - Atualizado às 21h41

    Os principais partidos de oposição ao governo Michel Temer chegam a esta quarta-feira (2) divididos sobre marcar ou não presença na sessão de votação da denúncia contra o presidente.

    A reunião de seis partidos oposicionistas nesta terça (1º) terminou sem consenso. Após quase três horas, PT, PC do B, PSOL, Rede, PDT e PSB apenas distribuíram tarefas e decidiram que, se forem dar quorum, isso deverá acontecer somente à noite.

    Juntos, os partidos têm 136 dos 513 deputados.

    "Eles querem encerrar quando o povo não está vendo telejornal", disse Glauber Braga (RJ), líder do PSOL.

    Na tentativa de retardar o início da sessão, a oposição questionará o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

    Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o rito é "desequilibrado". "Vai falar o advogado de defesa, vai falar o relator do voto vencedor que é favorável à defesa e não haverá nenhuma fala da acusação", afirmou.

    Maia afirma que seguirá o regimento. "É do processo democrático tentar construir um caminho que gere espaço maior para a oposição, mas infelizmente eu não posso desrespeitar o regimento", declarou.

    Apesar de dúvidas com relação ao quorum da sessão, o presidente da Câmara afirmou que a votação da denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer, que o acusa de corrupção passiva no caso da JBS, estará resolvida na tarde de quarta-feira.

    "Vai dar quorum, a gente vai votar. É nossa obrigação. Não pode ter um presidente denunciado e o Parlamento não deliberar sobre isso. Independentemente da posição de cada um, é importante que a Câmara delibere."

    Por enquanto, cada partido defende uma maneira de agir. Deputados oposicionistas reclamam especialmente do PT, que gostaria de derrubar Temer, mas tenta prolongar o processo para aumentar o desgaste do presidente até as eleições de 2018.

    Zarattini nega que haja movimento do partido para deixar o governo "sangrar", mas também não garante que a sigla contribuirá para o quorum da sessão.

    Para garantir que o número mínimo de 342 deputados seja atingido, aliados de Temer querem que o parlamentar de oposição que falar ao microfone sem marcar presença seja contabilizado.

    Cientes desse fato, os oposicionistas escalarão um pequeno número de representantes para se manifestar em plenário.

    DO QUE TEMER É ACUSADO O que diz a Procuradoria-Geral da República em 60 páginas de denúncia

    RACHA NA BASE

    Temer também enfrenta problemas em sua base. No rachado PSDB, a maioria dos deputados declarou voto a favor da denúncia contra o presidente.

    De acordo com enquete realizada pela Folha, dos 46 parlamentares do partido, 24 afirmaram que votarão pelo prosseguimento das investigações.

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