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    Lava Jato

    Tucanos lideram traições entre aliados e expõem racha sobre apoio a Temer

    TALITA FERNANDES
    DE BRASÍLIA

    03/08/2017 02h00

    Segundo maior partido da base do governo, o PSDB foi a legenda aliada que deu, proporcionalmente, mais votos contrários a Michel Temer na votação desta quarta-feira (2).

    Dos 47 deputados tucanos, 21 votaram pelo prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra Temer. O resultado da votação mostra o racha da bancada na Câmara sobre o apoio ao Palácio do Planalto.

    Outros quatro deputados não compareceram à votação: Shéridan (RR), Eduardo Barbosa (MG) e Pedro Vilela (AL) e Raimundo Gomes de Matos (CE). Barbosa justificou a ausência pela morte da esposa em acidente de carro.

    O partido, que detém quatro ministérios no governo, vive um momento de indefinições. Enquanto o presidente interino, senador Tasso Jereissati (CE), defende a entrega de cargos, Aécio Neves (MG), licenciado da presidência do PSDB, passou o fim de semana articulando a votação junto ao Planalto.

    Depois de conversar por telefone com Tasso, o líder do partido na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), orientou a bancada a votar de forma favorável à denúncia.

    O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), autor do parecer favorável a Temer que foi aprovado nesta quarta-feira em plenário chamou de "pequeno problema" a decisão do partido de orientar a bancada a votar contra seu relatório.

    "O partido não tem dono, é uma boa demonstração de que nós prezamos a democracia", afirmou. "Expectativa é de que o PSDB possa resolver esse pequeno problema, saindo dele bem mais forte."

    A Folha apurou que a decisão de orientar foi motivada pela atitude de Abi-Ackel de escrever o relatório na CCJ sem comunicar a liderança e a bancada. Questionado a respeito disso, o parlamentar afirmou que só os "mal-informados ou inexperientes na política" poderiam criticá-lo.

    "A bancada foi liberada, então eu tinha liberdade total para exercer a minha atividade parlamentar", disse.

    PRESIDÊNCIA

    O PSDB deve definir nas próximas semanas o futuro do comando da sigla.

    Tasso ameaçou se demitir do cargo e chegou a escrever uma carta. Mudou de ideia após uma conversa com Aécio, na noite de terça-feira (1º). Um novo encontro dos dois está previsto para esta quinta-feira (3).

    O governo tem atuado para que Aécio volte a ter protagonismo no partido, garantindo maior apoio ao governo. Desde que assumiu o comando da sigla, em maio, Tasso tem adotado uma postura hostil em relação ao Palácio do Planalto.

    Se reassumir o cargo, Aécio deve conduzir a escolha de seu sucessor. É esperada ainda para este ano a convocação de novas eleições para escolha da executiva do partido.

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